Sharm-el-Sheik: as férias de sonho que se tornaram pesadelo - TVI

Sharm-el-Sheik: as férias de sonho que se tornaram pesadelo

Reação um dia depois do Reino Unido ter proibido os voos para a estância turística egípcia de Sharm-el-Sheik. Um jornal russo dá conta de vestígios de explosivos encontrados nos cadáveres das vítimas do desastre

A queda do avião russo da Metrojet, no sábado, na Península do Sinai, no Egito, continua um mistério e as teses, quer de acidente, quer de atentado, permanecem válidas.  A morte de civis levanta uma cortina de medo sobre aquele destino turístico. O Reino Unido está a estudar as condições de segurança do aeroporto de Sharm-el-Sheik para retirar milhares de britânicos. 
 
Esta quinta-feira, um dia depois do Reino Unido suspender os voos para a estância turística de Sharm-el-Sheik, o ministro egípcio com a tutela da aviação, veio dizer que não há nenhuma indicação que aponte que o aparelho russo foi alvo de um atentado.
 
“A equipa de investigação não encontrou nenhuma prova ou dado que confirme esta hipótese”, afirmou Hossam Kamal, acrescentando que a Rússia até tem 23 voos agendados para esta quinta-feira, para e de Sharm-el-Sheik. Uma forma, quiçá, de apaziguar os medos.
 
Um jornal de São Petersburgo avançou, no entanto, segundo refere o The Independent, que foram encontrados indícios de material explosivo nos cadáveres de alguns dos passageiros do A321.
 
As gravações do voo A321 foram copiadas com sucesso e estão a ser processadas por uma comissão de aviação interestadual, segundo apurou a agência TASS. A análise às caixas negras do avião continua a ser feita, mas, este trabalho que tende a ser moroso e que as autoridades já vieram anunciar que pode levar meses a ficar concluída, não corre à mesma velocidade que as palavras.
 
O secretário dos Negócios Estrangeiros de David Cameron justificou a suspensão dos voos para o resort turístico dizendo: “Concluímos que há uma forte possibilidade do desastre ter sido provocado pelo rebentamento de um engenho explosivo”.
 
O Reino Unido optou, assim, por suspender os voos civis para Sharm-el-Sheik. Juntamente com esta decisão, foi anunciado que uma equipa britânica se ia deslocar ao aeroporto de Sharm-el-Sheik, de maneira a avaliar as condições de segurança do aeroporto. Na estância turística egípcia estão 20 mil britânicos que precisam de ser retirados.
 
A decisão de David Cameron vem no seguimento daquela já tomada pela Irlanda, que também suspendeu os voos para aquele destino turístico, fonte importante de rendimentos para a economia e turismo do Egito, que recuperava importância com o acalmar da situação política no país após a primavera árabe.
 
A Alemanha não foi tão longe como a Irlanda ou o Reino Unido, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros fez saber, de acordo com a Reuters, que os alemães que queiram viajar para aquela região estão a ser avisados dos perigos.
 
Os receios destes países são corroborados pela informação divulgada pela CNN, na quarta, que, citando uma fonte dos serviços secretos norte-americanos, disse que é “muito provável” que um engenho explosivo tenha sido colocado no aparelho pelo Estado Islâmico ou uma fação dos jihadistas. Aliás, o grupo extremista islâmico voltou a reivindicar a autoria do desastre aéreo, depois das teses inicialmente rejeitarem a influência destes por não terem mísseis capazes de atingir um avião a 31 mil pés de altitude.
 
Com efeito, o que mudou agora nas teses preliminares de atentado é de que uma explosão se terá dado de dentro para fora, ou seja, o avião não foi atingido pelo exterior. A informação de um satélite norte-americano dava conta de um clarão na Pensínsula do Sinai, na data e hora da queda do avião da Metrojet.
 
Uma fonte da investigação terá dito, já há dias, que a análise preliminar às caixas negras, evidenciava barulhos estranhos no cockpit, mas que o piloto não tinha emitido qualquer pedido de ajuda nos momentos que antecederam a queda do aparelho.
 
A entidade russa de fiscalização da aviação civil, Rostransnadzor, anunciou esta quinta-feira, de acordo com a RT, que os aviões da Metrojet estão a ser alvo de inspeções, embora a tese de acidente não esteja excluída – apesar de a empresa ter sempre garantido as condições de segurança do aparelho, alvo de manutenção menos de uma semana antes -, e não havendo, até ao momento, declarações que ponham em causa a idoneidade do trabalho do piloto e do copiloto do A321.
 

Fonte: Reuters



A queda deste avião russo surge pouco depois de Vladimir Putin ter começado a bombardear alvos do Estado Islâmico na Síria. O presidente russo foi em defesa do seu amigo Bashar al Assad, presidente de um país em estado de guerra civil há mais de três anos. A guerra ao Estado Islâmico tornou-se uma guerra dentro da guerra.
 
A confirmar-se que o avião da Metrojet foi mesmo abatido, esta deve ser lida como uma retaliação pela intervenção russa na Síria e pode ser prejudicial para a popularidade de Vladimir Putin - em alta junto do seu povo por causa da posição no conflito ucraniano -, que, assim, colocou a Rússia na rota dos terroristas
 
A agência noticiosa russa, RIA, adianta esta quinta-feira, que fonte do ministério da Saúde da Rússia confirmou que 58 das 224 vítimas já foram identificadas. Vítimas civis, quase todas russas, famílias, crianças. Vítimas, números que vão engrossar as páginas da História dos desastres aéreos, eventualmente no capítulo das tragédias provocadas por ações externas, intencionais, criminosas, em que perderam a vida milhares de pessoas inocentes.


 Fonte: Reuters


Da memória coletiva já constam o 11 de Setembro de 2001, quando terroristas da al Qaeda desviaram três aviões comerciais, despenharam dois deles sobre as torres do WTC, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Milhares morreram, o mundo acordou para o terrorismo e os Estados Unidos declararam a Guerra ao Terror. A História mais recente dá conta da queda do avião da Malaysia Airlines que tinha partido de Amesterdão, na Holanda, e cuja viagem terminou nos céus da Ucrânia, quando o aparelho foi atingido por um míssil, dano colateral da guerra entre os militares ucranianos e os rebeldes separatistas. 
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