A Casa Branca emitiu esta sexta-feira um comunicado em apoio ao Governo turco, que sofreu uma tentativa de golpe militar. O Presidente dos EUA, Barack Obama, pediu que todas as partes evitem derramamento de sangue na Turquia. Enquanto isso, a capital turca viveu uma noite de violência em que civis, polícias e militares entraram em confronto e se registaram explosões e trocas de tiros.
“Todas os partidos na Turquia deveriam apoiar o Governo democraticamente eleito, mostrar moderação e evitar violência ou derramamento de sangue”, disse em comunicado o Governo dos EUA.
No texto referiu-se ainda que o Presidente Obama se manterá informado através do secretário de Estado, John Kerry. De acordo a agência Associated Press, Obama falou ao telefone com Kerry.
John Kerry disse por sua vez, esta sexta-feira à noite, esperar por “paz e estabilidade” na Turquia. Kerry manifestou-se em Moscovo, onde se reuniu com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, para negociar uma possível cooperação militar entre EUA e Rússia na guerra civil que atinge a Síria.
"Vi as informações [sobre o ocorrido na Turquia], mas não tenho mais detalhes, por enquanto. Espero que haja paz, estabilidade e continuidade na Turquia, mas não tenho nada a acrescentar a respeito do que está a acontecer atualmente", afirmou Kerry.
As Forças Armadas turcas assumiram "pleno controlo" do país, de acordo com um comunicado do Exército.
A embaixada dos EUA em Ancara informou que tiros foram ouvidos na cidade, pontes e prédios foram bloqueados e pediu aos cidadãos norte-americanos no país que contactem os familiares para os tranquilizar.
"O Governo turco afirma que membros do Exército estão a tentar fazer uma revolta, as forças de segurança estão a tomar medidas para os conter e alguns edifícios estão sob bloqueio", referiu o comunicado da embaixada dos EUA.
Evitar banho de sangue, pede a Rússia
Numa outra reação à tentativa de golpe de Estado na Turquia, país membro da NATO, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, pediu que se evite “qualquer confronto sangrento”.
“Os problemas da Turquia devem ser resolvidos dentro do respeito pela Constituição”, declarou.
Boris Johnson, recém-nomeado ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, também se disse “muito preocupado”. Através do Twitter, o novo ministro britânico acrescentou que o Governo do Reino Unido está a monitorizar a situação.
Very concerned by events unfolding in #Turkey. Our Embassy is monitoring the situation closely. Brits should follow FCO website for advice
— Boris Johnson (@BorisJohnson) 15 de julho de 2016
O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Zarif, mostrou-se igualmente preocupado com a “crise” no país vizinho. O mesmo governante sublinhou a importância da “estabilidade, democracia e segurança”.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu entretanto calma na Turquia e afirmou que as Nações Unidas estão a tentar esclarecer a situação.
Respeito pelas instituições democráticas, apela a UE
Num contexto de tensão crescente, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu "contenção" e "respeito pelas instituições democráticas".
"Em contacto constante com a delegação da UE em Ancara e em Bruxelas, a partir da Mongólia [onde Federica Mogherini está para uma cimeira UE-Ásia], apelo à contenção e ao respeito pelas instituições democráticas", postou Mogherini no Twitter.
In constant contact with EU Delegation in Ankara & Brussels from Mongolia.Call for restraint and respect for democratic institutions #Turkey
— Federica Mogherini (@FedericaMog) 15 de julho de 2016
O Governo grego anunciou, por seu lado, que "acompanha a situação com sangue-frio". O primeiro-ministro Alexis Tsipras "foi informado pelo chefe dos Serviços Secretos gregos" da evolução dos acontecimentos no país vizinho e pediu que o ministro da Defesa, Panos Kammenos, e o chefe do Estado-Maior também sejam atualizados.
O canal público grego Ert1 interrompeu a programação para acompanhar em direto o que se passa na Turquia.
O Exército turco informou esta sexta-feira ter tomado o poder na Turquia. O primeiro-ministro, Binali Yildirim, qualificou a rebelião de “ato ilegal”, evitando, de início, mencionar a palavra “golpe”. A televisão estatal do país anunciou horas depois um toque de recolher obrigatório no país.
De acordo com fonte oficial norte-americana, o aeroporto de Istambul está encerrado. A maioria das pontes em Ancara foram também fechadas.
A agência noticiosa Anadolu referiu que um general de topo de Exército turco, Hulusi Akar, foi feito refém nas instalações militares de Ancara, durante a tentativa de golpe de Estado.
A situação em Ancara e Istambul, as principais cidades turcas, foi muito tensa. A agência noticiosa estatal apontou 17 polícias mortos, abatidos por disparos de helicópteros.
A agência de notícias AFP, que citou a televisão turca NTV, avançou que um helicóptero que transportava golpistas foi abatido no ar por um caça F-16.
A agência estatal relatou que quatro militares revoltosos, incluindo uma alta patente, terão sido detidos após terem tomado de assalto a televisão pública.