Juan Carlos: de bestial a besta - TVI

Juan Carlos: de bestial a besta

Uma viagem à África do Sul iniciou uma série de escândalos em volta do rei que agora deixa o trono

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O rei Juan Carlos sempre foi acarinhado pelos espanhóis, principalmente pela defesa da democracia após a morte do ditador Francisco Franco, em 1975. No entanto, desde há dois anos a sua popularidade começou a perder-se devido ao envolvimento do rei em alguns «escândalos», nomeadamente, a partir de 2012, quando vieram a público imagens de uma caça de elefantes numa viagem à África do Sul.

Esta foi uma viagem privada ao Botswana, que se tornou pública porque o rei caiu, partiu uma anca e teve de ser operado de urgência em Madrid. Em tempos de crise, uma viagem com valores elevados foi mal recebida pelos espanhóis, levando a que o rei emitisse mesmo um pedido de desculpas público.

Nesta viagem vieram também a público as traições do rei, por alegadamente se ter feito acompanhar por uma amante, a princesa alemã Corinna zu Sayn-Wittgenstein.

«Nós somos amigos próximos. Algumas pessoas não entendem que as coisas podem acontecer em determinado momento e acabar. Mas a amizade não acaba», declarou a suposta amante do rei Espanhol, à Vanity Fair americana.

No mesmo ano, a fama positiva da Casa Real espanhola, já tinha sido manchada pelo escândalo de corrupção que envolvia o genro e filha do rei Juan Carlos, Iñaki Urdangarin e a Infanta Cristina. A Infanta integrou a direção da Fundação Nóos e a Casa Real espanhola conhecia e aprovava as acções da fundação, onde o rei Juan Carlos era presidente.

Tudo começou em 2006 quando foi divulgado um desvio de milhões de euros de fundos públicos. Inãki Urdangarin e o seu sócio Diego Torres, foram apontados como os únicos responsáveis do esquema fraudulento que incluiu desvio de verbas públicas, falsificação de documentos, prevaricação e fraude fiscal. Isto levou o rei a excluir o genro de todos os atos públicos.

Nesta "guerra", o sócio Diego Torres afirmou que tudo era feito com o consentimento da Casa Real espanhola, revelando emails para provar o que dizia. Nos registos apareceu implicado o secretário das duas filhas do rei, Carlos Garcia Revenga, que quando presente ao juiz, contou que a fundação foi criada «sob a tutela da infanta Cristina» e que tanto ela como Revenga integravam a direção e tinham um papel tão ativo «como os restantes».

Nunca a monarquia espanhola foi tão posta em causa: sucessivos escândalos, estado de saúde débil e insatisfação dos espanhóis, tudo terá levado a que o rei tenha abdicado, esta segunda-feira, a favor do seu filho, Felipe de Espanha.

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