Governo britânico não garante Erasmus no pós-Brexit. "Desculpem estudantes, estão presos na ilha" - TVI

Governo britânico não garante Erasmus no pós-Brexit. "Desculpem estudantes, estão presos na ilha"

  • Bárbara Cruz
  • 10 jan 2020, 11:09
Reino Unido

Deputados conservadores britânicos rejeitaram cláusula que obrigaria a negociar a continuidade do Reino Unido no programa Erasmus depois de sair da UE. Redes sociais em fúria

Na passada quarta-feira, os deputados britânicos que votam as prioridades na negociação do acordo do Brexit rejeitaram por maioria - 344 votos contra 254 - uma cláusula que obrigaria a negociar a continuidade do programa Erasmus no pós-Brexit.

As reações não se fizeram esperar: nas redes sociais, foram muitos os britânicos que lamentaram o provável fim do programa em 2020, muitos referindo que conheceram os companheiros graças à oportunidade de estudarem no estrangeiro.

"Diabolicamente estúpido", lia-se nas redes sociais, onde se espalharam críticas acesas ao governo de Boris Johnson.

 

Desculpem jovens, estudantes que queriam passar algum tempo na Europa a 27, viajar e aprender. O vosso governo removeu essa hipótese. Estão presos na ilha. Parte-me o coração saber que um dos primeiros passos do novo governo foi rejeitar o pedido para negociar a participação no programa Erasmus", escreveu no Twitter Caroline Voaden, deputada dos Liberais Democratas no Parlamento Europeu. 

 

Luciana Berger, também dos Liberais Democratas, escreveu sobre a própria experiência. "Ganhei tanto no meu ano de Erasmus - foi uma das melhores experiências que tive e aprendi tanto. É devastador pensar que a próxima geração de jovens no nosso país não terá a mesma oportunidade". 

 

A cláusula que previa as negociações para a continuidade do Erasmus foi levada a votação precisamente pelos Liberais Democratas e foi derrotada pelos votos dos Conservadores, fazendo crescer o receio de que o Reino Unido saia abruptamente do programa. 

O Erasmus é gerido em ciclos de sete anos, sendo o próximo entre 2021 e 2027, e a Comissão Europeia já propôs duplicar o orçamento para o próximo ciclo, ascendendo as verbas a 30 mil milhões de euros.

Perante a polémica causada com a rejeição desta cláusula, o governo britânico já veio garantir que está comprometido com a continuidade das relações académicas entre o Reino Unido e a União Europeia.

O voto não muda isso", garantiu um representante do departamento de Educação. "Queremos garantir que o Reino UInido e os estudantes europeus podem continuar a beneficiar mutuamente dos seus sistemas de educação pioneiros no mundo". 

Porém, uma análise da BBC admite que já seja tarde para o Reino Unido entrar nas negociações para o próximo ciclo de Erasmus, e os fundos só estão garantidos até ao final deste ano. A hipótese de um programa nacional que replique o programa Erasmus também não é vista com bons olhos, uma vez que teria de recorrer apenas aos fundos britânicos e iria, provavelmente, deixar de fora os estudantes que dependem das bolsas de estudo atribuídas pela UE para frequentarem universidades no estrangeiro. 

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