Mulher de 36 anos morre de Covid-19 depois de lhe dizerem que "não era prioritária" - TVI

Mulher de 36 anos morre de Covid-19 depois de lhe dizerem que "não era prioritária"

  • AM
  • 26 mar 2020, 13:11
Hospital

Kayla Williams, de Peckham, em Londres, morreu um dia depois de ter telefonado para o serviço de urgências

Uma mulher de 36 anos morreu, no sábado, um dia depois de ter ligado para o 999 (equivalente ao 112 em Portugal) e de lhe terem dito que "não era prioritária" e para ser tratada em casa.

De acordo com o The Guardian, Kayla Williams, de Peckham, em Londres, tinha febre alta, tosse e fortes dores no peito e no estômago o que levou o marido, Fabian Williams a ligar para os serviços de emergência.

"Liguei para o 999 porque a minha mulher tinha dificuldade em respirar, estava a vomitar e tinha dores no estômago. Estava a falar com eles quando ela começou a ficar pior e eles disseram-me para a colocar no chão e fazê-la ficar direita", contou o marido.

Segundo Fabian, os paramédicos, que trataram Kayla como um caso suspeito de Covid-19, chegaram ao apartamento e fizeram alguns testes.

"Disseram-me que o hospital não a ia aceitar, que ela não era prioritária. A paramédica não ficou muito tempo e saiu para escrever o relatório e entregá-lo através da porta", acrescenta.

De acordo com o marido, o estado de saúde de Kayla deteriorou-se no dia seguinte. Depois de a ter ajudado a tomar banho e a vestir, Fabian alimentou a esposa e depois deitaram-se os dois a descansar em quartos separados. Quando acordou, o marido deparou-se com Kayla inanimada.

"Ela já tinha morrido. Coloquei-a no chão - porque foi o que me tinham dito para fazer antes - e liguei para o 999 outra vez e eles disseram-me para colocar a mão no peito dela e comprimir".

Pouco depois, três carros e uma ambulância chegaram a casa do casal e as equipas de emergência tentaram reverter a situação, mas não conseguiram. Horas mais tarde, a polícia esteve no local, mas não entrou dentro do apartamento. Depois foi a vez do agente funerário que, quando chegou ao local, "vestiu um fato forense antes de entrar no apartamento".

O corpo de Kayla foi embrulhado em lençóis antes de ser colocado num saco e de ser retirado do local. Quanto a Fabian, as autoridades disseram-lhe que se isolasse e não lhe deram mais informações.

"Não me disseram mais nada. Sou diabético, tomo insulina. Tudo o que sei é que é suposto isolar-me. Ninguém me disse se o corpo ia ser testado ou não".

Segundo o The Guardian, os documentos do serviço de ambulâncias de Londres relativos ao caso referem que na primeira visita a paciente sofria de "Cov 19",  os sintomas foram descritos como "tosse não produtiva... dor de cabeça... dores de peito por toda a parte" e que lhe foi aconselhado "auto-cuidado, toma de antipiréticos e aumentar a ingestão de líquidos/comida". Já o marido foi aconselhado a ligar "999 para emergências e 111 para conselhos". "A família foi aconselhada a isolar-se".

 

Já um porta-voz do serviço, diz que no dia 20 de março receberam uma chamada para uma pessoa que se estava a sentir mal em Peckham e que foi tratada e aconselhada a telefonar caso a condição mudasse.

"Fomos chamados no dia seguinte, às 3:24, e enviámos vários meios, com os primeiros médicos a chegarem em menos de sete minutos. Infelizmente, a paciente morreu", afirmou.

O novo coronavírus já fez 465 mortos no Reino Unido, onde existem quase 10 mil casos confirmados.

Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE