A primeira-ministra britânica, Theresa May - que passou parte de quarta-feira com a comunidade religiosa Sikh na cidade de Birmingham - convocou para quinta-feira uma reuião extraordinária do gabinete governamental para debatre a resposta a tomar face ao alegado ataque químico levado a cabo pelo poder sírio contra os rebeldes na cidade de Douma.
Enquanto a Organização Mundial de Saúde pretende avaliar no terreno o que de facto aconteceu, surgiram relatos de uma instituição sua afiliada, a Sociedade Médica Sírio-Americana (SAMS), que opera em áreas controladas por rebeldes, afirmando que cerca de 500 pessoas foram tratadas por sintomas "indicativos de exposição a um agente químico".
De acordo com a estação oficial britânica de rádio e televisão, BBC, citando fontes, a reunião do governo britânico na quinta-feira irá avaliar as opções disponíveis para apoiar uma ação militar contra a Síria, já prometida pelos Estados Unidos e outros aliados, como a França.
A BBC adianta mesmo que Theresa May está disposta a agir contra o governo sírio de Bashar al-Assad sem sequer pedir autorização ao parlamento, onde os conservadores dispõem de maioria.
Submarinos prontos
Na noite de quarta-feira, o jornal britânico Daily Telegraph noticia que a primeira-ministra britânica, Theresa May, já ordenou às suas forças navais que coloquem submarinos em águas próximas da Síria, preparados para atacar.
Citando fontes, o jornal diz que o governo britânico está a "fazer tudo o que é necessário" para ser capaz de disparar mísseis de cruzeiro Tomahawk a partir dos seus submarinos contra alvos militares na Síria.
Trump ainda sem agendamento
Através da rede Twitter, como é seu uso, o presidente norte-americano avisou quarta-feira a Rússia, país aliado do governo de Damasco, de que os Estados Unidos irão disparar mísseis contra alvos sírios.
A Rússia promete derrubar todos e quaisquer mísseis lançados contra a Síria. Prepare-se, porque eles virão, bons e novos e "inteligentes"! Vocês não deviam ser parceiros de um animal que mata com gás o seu próprio povo e gosta!”, escreveu Trump.
Russia vows to shoot down any and all missiles fired at Syria. Get ready Russia, because they will be coming, nice and new and “smart!” You shouldn’t be partners with a Gas Killing Animal who kills his people and enjoys it!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 11 de abril de 2018
Contudo, nesta mesma quarta-feira, um porta-voz da Casa Branca esclareceu que, apesar da ameaça, o presidente norte-americano não definiu qualquer agendamento para uma ação militar em resposta ao alegado ataque químico na Síria,
A porta-voz Sarah Sanders afirmou mesmo que Trump tem um número de opções, não apenas militares, e que todas estão ainda em cima da mesa, sendo que o presidente estava a avaliar como agir.
Na segunda-feira, Trump afirmou que levaria entre 24 e 48 horas para decidir sobre uma possível resposta militar à Síria devido ao ataque químico que alegadamente as forças próximas do governo perpetraram sobre a população de Douma, onde faleceram pelo menos 43 pessoas.
Apesar deste prazo já ter terminado, Sanders assegurou que o presidente não estabeleceu uma "janela de tempo" concreta e sublinhou que durante a manhã Trump se reuniu com os seus conselheiros de Segurança para estudar todas as "possibilidades".
Sanders insistiu em apontar a Rússia como responsável pelo ataque em Douma, por não ter conseguido evitar que o regime sírio executasse este "atroz" ataque, tal como foi qualificado pelo Presidente norte-americano.
Certamente cremos que [a Rússia] demonstrou ser um mau ator", apontou Sanders, que subscreveu as palavras de Donald Trump ao considerar que a relação entre Washington e Moscovo está no nível mínimo.
Questionada sobre se a Casa Branca considera que o Kremlin se converteu num inimigo dos Estados Unidos, Sanders limitou-se a afirmar: "Isso é algo onde a Rússia tem um papel a desempenhar".