O mundo em 2014: mistérios, fundamentalismos e uma nova Guerra Fria - TVI

O mundo em 2014: mistérios, fundamentalismos e uma nova Guerra Fria

  • Élvio Carvalho
  • 26 dez 2014, 12:00
Inglês «John» decapitou jornalista James Foley (Reprodução Youtube)

Estes são os casos internacionais mais marcantes de 2014. Desde o desaparecimento do voo MH370, passando pela crise na Ucrânia, em Israel, na Síria, e outros, até ao mais recente massacre no Paquistão

2014 não foi, de todo, um ano calmo. A revista internacional do ano que agora termina confirmou que o mundo não está estático, e que as preocupações que pareciam ter ficado na década, e até século, passados, continuam bem presentes, com o acrescento de novos problemas e novas ameaças.

Ainda só estávamos em março e já se provava que a tecnologia por muito evoluída que esteja pode falhar, e um avião com 239 pessoas a bordo pode desaparecer. No mesmo mês, ficou igualmente provado que o velho continente europeu é incapaz de manter as suas fronteiras permanentemente definidas e que a Guerra Fria pode não ter terminado. Quando os primeiros raios de sol de junho surgiam, uma nova ameaça baseada em fundamentalismo islâmico tomava força, regalando para segundo plano a infame Al-Qaeda ao nível do terrorismo. No mês seguinte um “erro de guerra” destrói um avião e a esperança de recuperação de uma companhia aérea. Já em agosto, o grande fantasma do racismo inunda um dos países mais multiculturais do mundo, que até se orgulha de ter um presidente negro. E quando o ano parecia estar fechado em termos de desastres, ainda tivemos outro evento trágico com ligações aos fundamentalismos, aquele que é o pior massacre de sempre dos talibãs no Paquistão.

Estes são os grandes eventos internacionais do ano.



                    

Ucrânia


O que começou como um assunto interno, fruto das preocupações do povo ucraniano com a direção tomada pelo seu Governo (que planeava estreitar as suas relações com a Rússia, e não com a União Europeia), tornou-se um dos conflitos do ano, e pode caminhar para um dos conflitos deste século.

Desde que o presidente Viktor Yanukovich saiu do poder, o conflito na Ucrânia já causou 4300 mortes, um abate de um avião comercial, que por sua vez matou 298 pessoas, e perdas de território. A Rússia é apontada como a responsável por todas as questões maiores, e as consequências já se fazem sentir na economia de Moscovo e de alguns países da zona euro, devido às sanções impostas ao país, e ao embargo de produtos interposto pela Rússia como resposta.

Com a saída de Yanukovich, a 22 de fevereiro, após semanas de protestos, e violentos confrontos entre a população e a polícia (que causaram, pelo menos, 77 mortos) a população da península da Crimeia (parte da Ucrânia) começa a manifestar interesse em realizar um referendo para repor a constituição de 1992, e ganhar autonomia em relação à Ucrânia. O Governo de Kiev não aceita estas intenções e começam os confrontos entre a população que apoia a separação e as que preferem ficar com a Ucrânia. Dias depois, chegam notícias de forças militares estrangeiras a entrarem na península: são militares russos, que tratam de ocupar o território e começam a expulsar os ucranianos resistentes. Ao princípio, o país de Vladimir Putin nega qualquer intervenção, mas afirma que reconhecerá a Crimeia independente. A 16 de março é realizado um referendo que dita que 95% dos habitantes da península se querem juntar à Federação Russa, da qual a península fez parte até 1954. Um dia depois é anunciado pelo próprio chefe de Estado da Rússia, que a Crimeia «regressou a casa».

Não tardou que outras zonas do leste da Ucrânia, próximas da Rússia, algumas onde o russo é até a língua dos habitantes, começassem a querer o mesmo destino. As zonas de Donetsk e Luhansk proclamaram a sua independência e formaram novas repúblicas, não reconhecidas pelo governo ucraniano, nem pela comunidade internacional. Nenhuma outra região foi anexada, até hoje, mas há sucessivos relatos da presença de soldados russos em território ucraniano, apesar de Moscovo negar uma invasão. A Rússia é acusada de fornecer armamento pesado aos separatistas, que de outra forma não teriam acesso a ele. O exemplo mais forte, e que chamou à atenção reforçada da comunidade internacional foi o sistema de mísseis antiaéreo BUK, que usa o míssil SA-11, que serviu para abater  o voo comercial da Malaysia Airlines, MH17, quando este sobrevoava o espaço aéreo de Donetsk, com destino a Kuala Lumpur, com 298 pessoas a bordo. Todos os ocupantes foram mortos.

Um cessar-fogo acabaria por ser assinado em Minsk, pelo governo de Kiev e os separatistas, no entanto, este tem sido repetidamente violado, e são r ecorrentes as notícias de entrada de soldados russos em território do governo de Kiev, sempre acompanhados de mais armamento. A Rússia continha a negar ajuda aos separatistas.

Com a candidatura da Ucrânia a membro da NATO pronta a avançar, a questão do leste pode ter um final próximo, ou pelo contrário, estar longe de terminar.

As movimentações militares do país de Vladimir Putin têm, aliás, levantado suspeitas na comunidade internacional. Vários caças russos já foram intercetados em espaços aéreos de outros países, ou próximos de os ultrapassar. A maioria dos incidentes registou-se no norte da Europa, mas, por duas vezes, a Força Aérea portuguesa detetou e escoltou aviões russos em espaço aéreo perto da costa atlântica portuguesa. 

 
                  


MH370 e o ano negro da aviação
 
Eram 18:40 em Lisboa, 02:40 em Kuala Lumpur, de 8 de março: o voo MH370 da Malaysia Airlines com destino a Pequim, China, desaparecia dos radares com 239 pessoas a bordo. Até hoje não foi encontrado.

Foram semanas de buscas, e apesar de serem as mais capazes de sempre, nenhum rasto dos destroços, ou dos passageiros. O que aconteceu continua a ser um mistério, e apesar de o relato oficial afirmar que o avião caiu algures no Oceano Índico, talvez nunca venhamos a saber o que aconteceu. As famílias ainda anseiam por respostas, e infelizmente, a única certeza dada pelo governo da Malásia é que não há sobreviventes.

A companhia aérea foi gravemente afetada, mas 2014 ainda tinha outro evento que a obrigaria a uma restruturação. A 17 de julho outro avião da Malaysia Airlines, o voo MH17, que fazia a ligação entre Amesterdão e Kuala Lumpur, despenhava-se perto de Donetsk, na Ucrânia. No entanto, desta vez os destroços foram rapidamente encontrados, o avião tinha sido abatido por um míssil disparado pelos separatistas ucranianos, que alegadamente o terão confundido com um avião de Kiev. 298 pessoas perderam a vida imediatamente.

Mas, apesar de estes terem sido os casos mais mediáticos não foram os únicos. A semana que se seguiu ao abate do avião MH17, aliás, foi desastrosa para a aviação em todo o mundo. A 23 de julho um avião da TransAsia Airways despenhou-se depois de ter descolado do aeroporto de Kaohsiung Siaogang, sul da ilha Formosa, causando a morte a 48 passageiros e ferindo outros 10. No sai seguinte, um avião da Air Algerie, que fazia ligação entre o Burkina Faso e a Argélia desaparece dos radares com 116 pessoas a bordo, os seus destroços são encontrados no Mali no dia seguinte, sem sobreviventes. Na mesma semana, quatro aviões militares ucranianos são abatidos pelos separatistas pró-russos.

Relacionados com Portugal, dois problemas em aviões também seriam reportados neste mês, embora sem causarem quaisquer vítimas. Na semana que se seguiu ao abate do MH17, um avião que saiu de Frankfurt, Alemanha, com destino ao Porto foi obrigado a realizar uma aterragem de emergência meia hora após a descolagem. Duas semanas antes, um avião da TAP que saiu de Lisboa para o Brasil “deixou cair” cerca de 30 peças após a descolagem tendo causado vários estragos em viaturas e uma habitação da zona da Grande Lisboa
.

Menos de um mês depois, a 13 de agosto, mais um desastre aéreo, desta vez de um avião particular, que se despenhou em Santos, no Brasil. Morrem 7 pessoas, incluindo o candidato à presidência do país, Eduardo dos Santos.
 
                       

Ébola

O mês de março não trouxe apenas o «mistério» do MH370, foi também neste mês que se intensificou a epidemia do ébola.

A doença começou na Guiné-Conacri e espalhou-se a outros países africanos, provocando o maior surto de sempre da doença, que continua a matar na África Ocidental. No entanto, o surto só se tornou o foco de atenção mundial quando começam a surgir os primeiros casos de cidadãos não-africanos infetados com a doença.

O Ébola chegaria aos EUA e à Europa, com casos bem próximos de Portugal, como foi o caso da auxiliar de enfermagem Teresa Romero, em Madrid, o primeiro caso de contágio fora do continente africano.

Segundo número da OMS a epidemia já matou cerca de sete mil pessoas e infetou mais de 18 mil, um número crescente apesar da diminuição do número do países onde existe a doença. A comunidade internacional está a contribuir com esforços para travar o mal incurável, com testes de vacinas e contribuições humanas e monetárias enviadas para os países afetados, iniciativa à qual Portugal também se juntou.


                   

Faixa de Gaza

Foram 50 dias de guerra no verdadeiro sentido da palavra. Um dos conflitos mais antigos do mundo atual, entre Israel e Palestina, rebentou, novamente, a 8 de julho, e durante o mês e meio que se seguiu, causou a morte de, pelo menos, 2130 palestinianos e 70 israelitas. 

Depois de anos de aparente «paz», a tensão entre Israel e o Hamas intensificou-se. Apesar de, nas semanas anteriores já terem sido disparados contra Israel cerca de 300 rockets e morteiros, a tensão entre as duas forças intensificou-se quando três adolescentes israelitas foram mortos na Cisjordânia e, como vingança, um adolescente palestiniano foi queimado vivo em Jerusalém Ocidental. 

Seguiram-se vários ataques militares terrestres e aéreos israelitas sobre a Faixa de Gaza, que levantaram, novamente, o problema dos crimes de guerra e violações dos direitos humanos, com a denúncia de ataques a escolas e hospitais.

O acordo para um cessar-fogo foi alcançado a 26 de agosto, depois da intervenção do Egito nas negociações. 

                     


Ferry naufraga na Coreia do Sul

Estávamos a 16 de abril quando acontece um dos grandes desastres do ano. O ferry-boat «Sewol» com quase 500 pessoas a bordo  naufraga na Coreia do Sul causando 304 mortos, a maioria estudantes.

As autoridades procuraram saber o que se passou, e logo cedo descobriram que o  capitão do navio foi dos primeiros a abandoná-lo quando o desastre começou. Lee Joon-seok fugiu num dos botes salva-vidas «abandonando» centenas de pessoas no barco de que era responsável.

As buscas por sobreviventes só terminariam em novembro, envolveram milhares de mergulhadores e custaram a vida a dois deles, tendo as equipas resgatado com vida 172 pessoas entre as 476 que seguiam a bordo do navio. 

O Capitão acabou condenado a 36 anos de prisão por homicídio por negligência, sentença que é praticamente uma prisão perpétua, visto que Lee Joon-seok tem 70 anos. O engenheiro de máquinas do navio foi condenado por homicídio a 30 anos de prisão e outros 15 membros da tripulação também condenados a mais de 20 anos de cadeia.


                 

Estado Islâmico 

A proclamação do Estado Islâmico, entre a Síria e o Iraque, só aconteceu a meio do ano, exatamente a 30 de junho, com a escolha de, Abu Bakr al-Baghdadi, para o novo califa do regime que não existiu durante um século, mas a luta do anteriormente conhecido com ISIS iniciou-se bem antes, quando começaram a ganhar territórios na Síria e no Iraque. Aqui, pelas diferenças de religião, e pela recusa dos habitantes locais a converterem-se ao islão, foi onde houve verdadeiros massacres, que não pouparam mulheres e crianças.

Os seus fundadores e integrantes são tomados como radicais demais, até pela infame Al-Qaeda. Querem restabelecer o território que um dia foi dos muçulmanos, e impor a lei islâmica (Charia) como forma de viver.

Desde a proclamação do califado, o conflito, hoje combatido pelos EUA e seus aliados nos territórios do Iraque e Síria, já causou centenas de mortos, mas a atenção para esta nova «ordem» foi alcançada por outro motivo: a decapitação de reféns estrangeiros, nomeadamente, dos jornalistas James Foley, e, mais tarde, Steven Sotloff, e a divulgação dos vídeos das suas execuções na internet, como retaliação dos ataques dos EUA nos territórios ocupados.

Os vídeos chocaram a comunidade internacional pela forma bárbara como os dois homens foram mortos, mas levantaram outra questão: o facto de o executor falar com um sotaque britânico, revelou que as fileiras do novo califado têm estrangeiros, mais do que se pensava, e que todos os dias chegam de várias partes do mundo. Donos de passaportes de países fora do médio-oriente, e que poderão causar ataques em solo europeu ou norte-americano. Entre eles, há mais de uma dezena de portugueses, a maioria oriundos da zona da grande Lisboa.

Por enquanto os ataques aéreos não conseguem abrandar eficazmente os jihadistas e o conflito não vai parar. Por vontade destes, o novo califado há de estender-se de Jerusalém à Península Ibérica. 


Veja também: «Os Nossos lá Fora», a reportagem que conta as experiências dos jornalistas portugueses nas guerras


Nigéria / Boko Haram #Bringbackourgirls

O norte da Nigéria é uma zona que tem alguma «tradição» com grupos extremistas islâmicos, mas nenhum até à data se provou tão letal como o intitulado «Boko Haram». Fundado em 2002, o grupo é contra toda a cultura e ensinamentos ocidentais e ambiciona a criação de um Estado Islâmico na Nigéria. Em 2009, quando o seu líder foi morto pelas forças estatais, e o seu corpo exibido na televisão, tudo parecia ter acabado, mas o «Boko Haram» regressou, sob as ordens de um novo líder, e mais ambicioso que nunca.

Os ataques terroristas a estações de transportes, bares, igrejas, sedes da polícia, entre outros, intensificou-se, aumentando gradualmente o número de mortos deixados em cada um. Intensificaram-se igualmente os ataques a aldeias, os roubos, raptos e violações, e seria um destes casos que atrairia, finalmente, a atenção global para este problema da Nigéria.

A 14 de abril o grupo atacou a aldeia de Chibok, Estado de Borne, e levou de uma escola feminina 234 raparigas com idades entre os 7 e os 15 anos, que prometeram converter ao islão, escravizar e casar com homens da organização
. A grande maioria não voltou a ser vista.

A contestação internacional fez-se nas redes sociais, com a divulgação de mais de um milhão de vezes da hashtag (#) #Bringbackourgirls (devolvam-nos as nossas meninas), que chegou até à primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama.

                       

Já em outubro, o grupo terrorista terá sequestrado mais um grupo de 60 meninas e mulheres em duas localidades do Estado de Adamawa, no norte da Nigéria, apesar de ter sido acordado um cessar-fogo com as autoridades nigerianas.

Algumas das jovens conseguiram, alegadamente, escapar ao grupo, e outras terão sido vistas em países vizinhos com militantes do grupo islâmico. Chegou a existir um acordo entre o Governo da Nigéria e o grupo para libertar as raparigas, mas este não chegou a concretizar-se. Algumas das jovens terão sido obrigadas a casar com membros do Boko Haram e outras são usadas como objetos sexuais do grupo.

As últimas estimativas dizem que 212 raparigas ainda estão desaparecidas.

As tropas governamentais foram acusadas de terem sido avisadas quatro horas antes do rapto, e nada terem feito para o prevenir. Este género de abordagem ao grupo extremista por parte dos militares já foi criticada pelo próprio chefe das forças armadas, que chegou a afirmar que os militares «fogem» do «Boko Haram».

Outros conflitos:

Síria

Considerado um dos locais mais perigosos do mundo atualmente, a Síria há muito que não enfrenta apenas uma rebelião civil. O conflito interno que começou em 2011 evoluiu nos últimos anos, e é neste momento um dos mais ativos do mundo, com um elevado número de intervenientes responsáveis por cerca de 200 mil mortos.

Desde que a guerra civil começou multiplicaram-se as forças que querem controlar o território e derrubar o Governo de Bashar al-Assad, que insiste que a revolta está a ser motivada por forças terroristas que querem tomar o país. Estado Islâmico, al-Nusra, União Islâmica, e outros, enfrentam as forças governamentais, do Hezzbollah, a «brigada» Abu al-Fadhal al-Abbas, e outros grupos, que transformam o território sírio numa autêntica «manta de retalhos». 

Burkina Faso

O Estado africano do Burkina Faso enfrentou este ano uma revolta popular sem precedentes que seria responsável pela demissão do presidente, Blaise Compaore, depois de este ter tentado aprovar uma alteração na constituição que possibilitaria uma extensão do seu mandato, após 27 anos no poder. Milhares de pessoas saíram para as ruas da capital, em protestos violentos, que culminariam com a população a incendiar o parlamento. Após uma resistência inicial, Campaore acabou por dissolver o parlamento e demitir-se do cargo de Presidente. Os grupos revoltosos conseguiram chegar a um acordo para um governo provisório de um ano, e novas eleições estão marcadas para novembro de 2015.

                       

Hong Kong

Não se tratando de um conflito propriamente dito, as manifestações da população de Hong Kong contra o governo autónomo local fez o mundo temer um novo massacre de jovens como o da praça de Tian’anmen em 1989. Descontentes com as alterações que o governo chinês planeia instituir no sistema de eleições da região, a população saiu à rua e bloqueou as ruas da antiga colónia britânica.

As manifestações começaram a 22 de setembro com a ocupação de várias ruas e cruzamentos da cidade. Nos dias seguintes, seguiram-se os confrontos com a polícia, que não poupou no uso de gás lacrimogéneo e gás pimenta para dispersar os manifestantes. Em fases mais críticas, a polícia ameaçou disparar balas de borracha para dispersar as multidões. Depois chegaram as negociações com membros do Governo para alcançar um acordo, sempre mal-sucedidas para o lado dos manifestantes.

O ano termina sem um compromisso que sirva ambas as partes, com o último acampamento de estudantes a ser retirado a 14 de dezembro.

              
 

Ferguson

Em pleno século XXI, o «fantasma» do racismo continua bem presente nos Estados Unidos. A prova disso, foi a onda de violentos protestos contra a morte de um jovem negro por um polícia branco no estado do Missouri, que se estendeu a 170 cidades dos EUA.

Michael Brown, de 18 anos, foi morto em agosto, e logo nessa altura a população de Ferguson saiu à rua para protestar contra o «racismo» dos polícias brancos para com os negros. No entanto, o problema subiu de nível quando se soube que o polícia, Darren Wilson, não seria julgado.

Um outro caso, a morte do também afro-americano Eric Garner, de 43 anos, por um polícia quando vendia cigarros ilegalmente na rua, voltou a incendiar a opinião pública norte-americana quando um Grande júri decidiu retirar a acusação de homicídio ao agente. Garner, doente de asma, sofreu um ataque que lhe provocou a morte, aparentemente na sequência dos esforços da polícia para o deter. O agente terá desvalorizado os sintomas do homem e não lhe terá prestado ajuda a tempo.  

                       

Ataque a uma escola no Paquistão

O ano estava já perto do fim quando acontece o «pior» ataque de sempre dos talibãs no Paquistão. A 16 de dezembro, seis homens armados entram numa escola com 500 pessoas em Peshawar para realizar um ataque suicida que faria 148 mortos, 132 dos quais crianças.

A autoria do ataque foi reivindicada pelo Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), movimento dos talibãs paquistaneses que lidera, desde 2007, uma sangrenta guerra contra o Governo de Islamabad. A escola terá sido escolhida exatamente por ser o estabelecimento onde estavam vários filhos e filhas de soldados do exército paquistanês, responsável pelo abate de 1600 talibãs desde junho deste ano.

O grupo acabaria por ser morto pela polícia, e os seus atos desencadearam uma forte retaliação do governo do Paquistão que já abateu dezenas de radicais islâmicos.

Veja também«Os Nossos lá Fora», a reportagem que conta as experiências dos jornalistas portugueses nas guerras

 
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