O norte-coreano deportado pela Malásia acusou a polícia de ter ameaçado matar família a menos que confessasse ter matado o meio-irmão do líder norte-coreano, falando de uma conspiração para manchar o nome do seu país.
Ri Jong Chol, que foi libertado e depois deportado pela Malásia devido à falta de provas suficientes para o indiciar pela morte de Kim Jong-nam, ocorrida em 13 de fevereiro, falou este sábado aos jornalistas em Pequim, na China, antes de partir para Pyongyang, capital da Coreia do Norte.
O cidadão norte-coreano, de 47 anos, foi detido em 17 de fevereiro, quatro dias depois de Kim Jong-nam ter sido atacado no aeroporto de Kuala Lumpur por duas mulheres que, de acordo com as autoridades malaias, lançaram o agente nervoso VX contra o rosto da vítima, provocando-lhe a morte minutos depois.
Ri Jong Chol afirmou que não estava no aeroporto no dia em que Kim foi morto, mas que a polícia o acusou de ter sido o "cérebro" do ataque, apresentando-lhe "provas falsas".
Conforme relatou este sábado de manhã na capital chinesa, mostraram-lhe uma fotografia da mulher e das duas crianças, que estavam com ele em Kuala Lumpur, e ameaçaram matá-las.
Estes homens diziam-me repetidamente para admitir o crime e que se não o fizesse toda a minha família seria morta e que [eu] também não estaria a salvo".
Se aceitares tudo, podes ter uma boa vida na Malásia", afirmou Ri, reproduzindo o que alegadamente lhe foi dito. "Foi aí que eu percebi que era uma armadilha (...). Eles estavam a conspirar para manchar a reputação do meu país", sublinhou.
A polícia malaia ainda não comentou as declarações de Ri Jong Chol.
O diretor-geral da Imigração da Malásia, Mustafar Ali, afirmou que Ri foi incluído na lista negra, ficando interdito de reentrar no país.
A Malásia procura sete outros norte-coreanos suspeitos, quatro dos quais terão fugido do país no dia do crime, mas suspeita que os restantes três, incluindo um elemento da embaixada da Coreia do Norte e um funcionário da transportadora aérea norte-coreana Air Koryo, ainda estejam na Malásia.
Na sexta-feira, a polícia emitiu um mandado de captura contra Kim Uk Il, o funcionário da companhia aérea norte-coreana, mas não indicou por que razão é suspeito.
Apenas indicou que chegou à Malásia a 29 de janeiro, ou seja, cerca de duas semanas antes do assassínio de Kim Jong-nam.