Covid-19: cientista do governo de Trump diz que foi demitido por alertar para o perigo da hidroxicloroquina - TVI

Covid-19: cientista do governo de Trump diz que foi demitido por alertar para o perigo da hidroxicloroquina

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  • CM
  • 5 mai 2020, 20:47
Donald Trump

Rick Bright apresentou queixa depois de ter sido afastado da direção da Autoridade Biomédica de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado

Um cientista do governo norte-americano disse que foi demitido depois de criticar a pressão exercida pelo presidente Donald Trump para o uso de um medicamento contra a malária, a hidroxicloroquina, no tratamento da Covid-19. 

Rick Bright, ex-diretor da Autoridade Biomédica de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado (BARDA na sigla original), um organismo governamental, apresentou queixa nesta terça-feira, junto do Gabinete de Conselho Especial, agência que recebe e analisa denúncias, pela forma como foi afastado do seu cargo.

O médico alega que foi transferido para um cargo de menor relevância depois de avisar sobre os riscos da promoção que Donald Trump fez da hidroxicloroquina nos doentes com o novo coronavírus, nos Estados de Nova Jérsia e de Nova Iorque, epicentro da pandemia nos EUA.

Na denúncia, afirma que os responsáveis políticos do Departamento de Saúde e Serviços Humanos tentaram promover a hidroxicloroquina “como uma panaceia”, alinhados com os apelos do presidente, que usou os seus briefings diários na Casa Branca para recomendar o químico.

Bright diz ainda que as autoridades de saúde “exigiram que Nova Iorque e Nova Jérsia fossem inundadas com esses medicamentos, que foram importados de fábricas no Paquistão e na Índia, sem terem sido inspecionados” pelas entidades competentes.

O cientista alega que sempre se opôs ao amplo uso desse químico, alegando que não existem evidências científicas para recomendar a sua aplicação em pacientes com a Covid-19.

No mês passado, a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla original) alertou os médicos contra a prescrição daquele químico, exceto em hospitais e estudos de pesquisa.

Num comunicado enviado nessa altura, a FDA sinalizou relatos de efeitos colaterais cardíacos, em algumas situações fatais, entre doentes com a Covid-19 a quem fora administrada a hidroxicloroquina.

Nos Estados Unidos já se registaram mais de 1.100.000 casos de infeção, incluindo mais de 70.000 mortes.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia já provocou mais de 251 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios. 

 

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