Especialista aconselha cancelamento dos Jogos Olímpicos - TVI

Especialista aconselha cancelamento dos Jogos Olímpicos

Rio de Janeiro a 100 dias dos jogos (Lusa)

Antigo comandante das forças pacíficas das Favelas do Rio de Janeiro esteve em Portugal. Diz que Jogos só vão para a frente por motivos políticos. Críticas aos elevados índices de criminalidade, à livre circulação de pessoas, às obras e à saúde pública

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Fernando Montenegro, ex-comandante das forças pacíficas das Favelas do Rio de Janeiro, garantiu esta quinta-feira segurança máxima durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mas desaconselhou a realização da competição.

«Não tenho interesse em falar mal do Brasil. Mas a realidade mostra que não é um país normal. Há quatro mil homicídios por ano no Rio de Janeiro. Portugal tem sensivelmente o mesmo número de habitantes [11 milhões] e tem 140 homicídios. O Brasil tem 21 das 50 cidades mais violentas do mundo. Aliado a isso, Dilma Roussef aboliu a necessidade de vistos para entrar no país durante o período da competição, o que impossibilita qualquer controlo», afirmou o agora consultor de segurança durante uma conferência realizada na Universidade Autónoma de Lisboa.

De acordo com o especialista, os Jogos Olímpicos só vão para a frente por motivos políticos até porque, sublinha, para além das questões de segurança, há ainda problemas graves com as obras públicas e com a saúde. «Há 50 mil casos de dengue, não foram realizadas obras de despoluição de lagoas. Foi encontrada uma bactéria multirresistente que continua ativa. As obras públicas foram mal feitas. Houve a queda da ciclovia, mas a construção e alargamento do metro no Rio de Janeiro não foi testada. Vai circular mesmo assim», apontou.

Apesar disso, Fernando Montenegro acredita que os cerca de 40 mil elementos destacados durante o evento (aos quais se somam 60 mil unidades de segurança privada) estão empenhados no sucesso das operações. «Foi adquirido equipamento de última geração, como por exemplo ‘software' que analisa as imagens de vídeo vigilância e que deteta movimentos suspeitos dando o alerta às forças de vigilância ou equipamento eletrónico que bloqueia os sinais dos comandos de ‘drones’. Há um edifício no Rio destinado às forças de seguranças de todos os países, onde haverá partilha de informação e que tem como objetivo alimentar as centrais de inteligência», revelou.

Ainda assim, o responsável considerou que haverá zonas do Rio de Janeiro onde deverá ser difícil travar um um combate eficaz ao crime. «A própria geografia da cidade dificulta a intervenção das forças de segurança», completou.

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