O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, falou esta segunda-feira ao Congresso do país, numa intervenção onde pediu o regresso da pena de morte. A medida procura ser mais uma arma na longa guerra contra a droga.
Peço respeitosamente ao congresso que reinstaure a pena de morte para crimes hediondos relacionados com droga e roubos”, dirigiu-se o presidente aos congressistas.
A medida também visa os crimes de corrupção. Apesar da retórica de Rodrigo Duterte, vários dos seus apoiantes estão ligados a alegados casos reclacionados com esta prática.
O apelo do presidente surgiu durante o discurso do Estado da Nação das Filipinas. Acredita-se que Rodrigo Duterte terá tentado usar a alta popularidade para pedir ao Congresso a aprovação destas medidas.
As últimas sondagens mostram que a minha taxa de desaprovação é de 3%. Isso inspira-me a continuar com determinação aquilo que começámos”, referiu Rodrigo Duterte.
A famosa “guerra contra as drogas” já fez quase 23 mil mortos desde 2016, segundo a Human Rights Watch. Desses, perto de cinco mil terão sido mortos na sequência de operações policiais.
He laments how the problem of illegal drugs persists in the country. https://t.co/EaP9GnQY8P
— CNN Philippines (@cnnphilippines) July 22, 2019
Esta não é a primeira vez que o chefe de estado das Filipinas tenta fazer regressar a pena de morte, abolida em 2006, mas a vitória da oposição nas eleições intercalares de maio refreou o ímpeto do governante.
Acontece que, ainda que devagar, o senado começa a virar-se para o lado do presidente. O especialista em ciência política da Universidade das Filipinas, Encinas-Franco, refere que a luta de Duterte enfrenta a oposição da igreja, de grupos civis e de grande parte da sociedade.
Ele vai querer passar todos os projetos do seu programa eleitoral antes de 2022 [n.d.r. ano das próximas eleições]”, afirmou Encinas-Franco.
Rodrigo Duterte está a meio de um mandato de seis anos à frente das Filipinas. Apesar das várias violações dos direitos humanos, o presidente das Filipinas tem sido um dos chefes de estado mais elogiados por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Os elogios entre ambos têm sido recíprocos.