A Birmânia aceitou receber uma visita do Conselho de Segurança da ONU ao país, em abril, anunciou na segunda-feira o presidente em exercício do Conselho e embaixador do Peru.
Gustavo Meza-Cuadra disse que os pormenores da visita ainda estão a ser finalizados, incluindo uma autorização para visitar o estado de Rakhine.
"Obviamente, estamos interessados no estado de Rakhine", afirmou Meza-Cuadra, acrescentando não haver "nada melhor do que uma viagem de campo para perceber" a situação da comunidade rohingya.
O Conselho de Segurança já havia proposto uma visita em fevereiro, mas o governo birmanês decidiu que "não era o momento certo".
Num relatório divulgado em março, a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI) acusou as forças birmanesas de estarem a arrasar a região de Rakhine, incendiando localidades habitadas pela comunidade rohingya, forçada a fugir para escaparem à operação de limpeza étnica.
No relatório intitulado “Myanmar: Militares ganham terreno à medida que as forças de segurança criam bases nas aldeias rohingya incendiadas”, a AI documentou, através de testemunhos e imagens de satélite, a intensificação da militarização do estado de Rakhine.
O êxodo dos rohingyas teve início em meados de agosto, quando foi lançada uma operação militar do exército birmanês contra o movimento rebelde Exército de Salvação do Estado Rohingya devido a ataques de rebeldes contra postos militares e policiais.
A Birmânia (Myanmar), de maioria budista, não reconhece a cidadania aos rohingya, de religião muçulmana, o que implica restrições à liberdade de movimentos e no acesso ao mercado de trabalho.
Perto de 700 mil rohingyas estão refugiados no vizinho Bangladesh.