Turquia: assassínio de embaixador não trava reunião sobre a Síria - TVI

Turquia: assassínio de embaixador não trava reunião sobre a Síria

Embaixador Andrei Karlov acabou por morrer após ter sido baleado numa exposição de arte. Atirador foi identificado como sendo um polícia turco. A sua mãe e uma irmã foram detidas

Alvejado gravemente, o embaixador Andrei Karlov não resistiu aos ferimentos e morreu. Meios de comunicação russos adiantam entretanto que a missão diplomática em Ancara foi cercada pela polícia como medida de precaução.

Andrei Karlov foi alvejado ao final da tarde de segunda-feira, em Ancara, quando discursava numa exposição de fotografia intitulada "A Rússia como é vista pelos turcos".

Outras três pessoas, pelo menos, ficaram feridas no atentado levado a cabo em Ancara, na galeria de arte. De acordo com o ministro turco do Interior, nenhum dos atingidos inspira cuidados, tendo um deles já deixado o hospital.

Os disparos terão sido efetuados por um atirador que, segundo os meios de comunicação turcos, ter-se-á então refugiado no edifício.

Várias fontes asseguram ter havido depois um tiroteio, quando forças da polícia chegaram ao local. O atirador seria abatido.

Já durante a noite de segunda-feira na capital da Turquia, a mãe e uma irmã do atirador - Mevlut Mert Altintas, de seu nome, polícia da unidade anti-motim, de 22 anos - terão sido detidas, segundo informação da estação de televisão turca correspondente da norte-americana CNN

Atentado por causa de Alepo

Andrei Karlov, de 62 anos era um experimentado diplomata russo. No seu currículo tinha uma passagem prolongada pelas embaixadas nas capitais das duas Coreias, entre 1979 e 2006.

Na tarde desta segunda-feira foi gravemente alvejado quando discursava e acabou por não resistir aos ferimentos. Pelo vídeo entretanto divulgado na rede Twitter, percebe-se que o atirador disparou pelas costas do embaixador.

O atacante foi depois identificado como sendo um agente da polícia turca. Terá usado as suas credenciais para aceder ao local, sem estar de serviço, segundo revelou entretanto o ministério do Interior.

O homem terá gritado a frase "Allahu Akbar" - "Deus é grande", em árabe - e ainda "não se esqueçam de Alepo". Uma cena filmada que agora é divulgada, de enorme brutalidade.

O atirador terá então alvejado outras pessoas e fugido. Baleado pelas costas, o diplomata russo caiu, ficou inerte no chão, gravemente ferido.

A estação de televisão turca NTV referiu que a polícia acabou por abater o atirador, que viria a ser posteriormente identificado como sendo Mevlut Mert Altintas, um agente da unidade anti-motim das forças de segurança turcas. Segundo informações reveladas já durante a noite pelo ministro do Interior, tinha 22 anos e estava há dois anos e meio na corporação. 

Através da rede Twitter, estão a ser divulgadas imagens do atirador abatido pelos seus colegas da polícia, bem como da sua ficha de agente.

Rússia suspeita de fundamentalista islâmico

De acordo com o site do jornal turco Daily News, fontes da embaixada russa em Ancara confirmaram desde logo que o embaixador fora alvejado e ficara gravemente ferido. Deixaram ainda a crença de se tratar de um ataque levado a cabo por um ativista radical islâmico.

De seguida, forças especiais da polícia turca cercaram o edifício. Pouco depois, chegaria ao local, o ministro do Interior da Turquia.

Por todo o mundo, o atentado foi de imediato condenado. Pelos Estados Unidos, pelas Nações Unidas, pela representante dos Negócios Estrangeiros da União Europeia.

Para a diplomacia russa, trata-se simplesmente de um acto terrorista, até ver, isolado.

Vemos isto como um acto terrorista. O terrorismo não vai vencer e iremos combatê-lo", afirmou a porta-voz dos ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova.

O atentado ocorre um dia antes das esperadas conversações em Moscovo, entre o ministro turco dos Negócios Estrangeiros e elementos das diplomacias russa e iraniana, por causa dos conflitos na Síria.

Apesar do atentado, o presidente da câmara baixa do parlamento russo, Leonid Slutsky, já assegurou à agência noticiosa Interfax que as conversações sobre a Síria continuam agendadas para terça-feira. E que Moscovo mantém a intenção de realizar a reunião.

Marcelo envia condolências a Putin e condena "ato de violência inaceitável"

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou esta segunda-feira uma mensagem de condolências ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin, na sequência do atentado que matou o embaixador russo na Turquia, e condenou esse "ato de violência inaceitável".

"Ao tomar conhecimento do trágico atentado hoje contra o embaixador da Federação da Rússia em Ancara, quero expressar a vossa excelência, em meu nome e em nome dos portugueses, as mais sentidas condolências", escreveu Marcelo Rebelo de Sousa, na mensagem enviada a Vladimir Putin.

Na mesma mensagem, divulgada na página da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado português afirmou: "Quero igualmente condenar, de forma veemente, este ato de violência inaceitável contra um representante diplomático, que por função é um agente do diálogo".

"Peço que aceite, senhor Presidente, em meu nome e em nome do povo português, toda a solidariedade para com o povo russo e, de modo particular, para com a família da vítima a quem dirigimos, através de vossa excelência, os sentimentos do nosso sentido pesar", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

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