«Escândalos de doping servem para atacar o Mundial», diz ministro russo

O ministro russo do Desporto, Vitaly Mutkó, considera que as recentes revelações do alegado envolvimento do Estado em casos de doping têm como objetivo evitar que a Rússia realize o Mundial 2018.

«Uma das razões da revelação de escândalos de doping é o desejo de atacar o Mundial de futebol de 2018. Primeiro tentaram através da FIFA, mas não resultou. Agora tentam por outro lado», referiu Vitaly Mutkó, na sequência de um programa emitido num canal televisivo alemão.

De acordo com as declarações reproduzidas nesse mesmo programa, o ministro russo evitou que fossem divulgadas provas do resultado positivo por doping de um futebolista da liga russa.

O documentário baseou-se na denúncia de Grigori Rodchenkov, antigo diretor do laboratório antidopagem russo, afastado do cargo em 2015 após ter sido acusado de manipular amostras.

Rodchenkov denunciou alegados subornos à Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) de forma a não serem divulgados resultados positivos por doping de desportistas russo nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012.

«Grigori Rodchenkov está acusado de destruir análises a troco de dinheiro. Agora tenta culpar outros e diz que foi obrigado a fazê-lo», acusou o ministro do Desporto russo. 

Numa entrevista concedida ao jornal norte-americano New York Times, o antigo diretor do laboratório antidopagem russo, garantiu que aproximadamente «15 medalhados Olímpicos» presentes nos Jogos realizados em Sochi, território russo, beneficiaram de um sistema de dopagem supervisionado pelo Kremlin. Na mesma entrevista, Rodchenkov acusou também os Serviços Federais de Segurança (antigo KGB) de manipularem amostras de urina de atletas russos durante os Jogos Olímpicos.

O ministro do Desporto russo reagiu às declarações de Rodchenkov e acusou-o de ter um comportamento pouco nacionalista. 

«Chegou a dizer que agia por ordens do Kremlin, o que é um comportamento anti Rússia», frisou.

O programa da ARD foi divulgado poucos dias antes de ser conhecido a decisão da IAAF sobre a participação de atletas russos nos Jogos Olímpicos deste ano, no Rio de Janeiro.