Uma equipa de cientistas russos anunciou que descobriu o que está a provocar as fortes explosões e consequente aparecimento de crateras gigantes que tem ocorrido nas penínsulas de Yamal e Gyda, na Sibéria.
Sabe-se agora que estes enormes buracos são provocados por uma concentração elevada de gás metano que tem vindo a surgir no subsolo gélido, da tundra siberiana.
À medida que os níveis de concentração de metano vão aumentando começam a formar-se pequenos montes na superfície do solo, que acabam por explodir com enorme violência, deixando para trás estas impressionantes crateras.
O que ainda não é certo é de onde estão a surgir estas exacerbadas quantidades de metano: se de camadas da crusta terrestre mais próximas do centro da Terra ou de camadas mais próximas da superfície terrestre.
No entanto, sabe-se que o permafrost, parte do solo que passa todo o ano congelado e que obre 25% da superfície terrestre do Hemisfério Norte, sobretudo na Rússia, é um enorme reservatório natural de metano.
Teoriza-se que os verões cada vez mais quentes que se têm verificado no Ártico, com um acréscimo térmico duas vezes superior à média mundial, estejam a enfraquecer a camada de permafrost, que atua como uma espécie de tampa do gás metano.
É claro que as mudanças climáticas têm um impacto sobre a probabilidade de surgimento de crateras de explosão de gás no permafrost ártico”, garante Evgeny Chuvilin, cientista-chefe de pesquisa no Centro de Recuperação de Hidrocarbonetos do Instituto Skolkovo de Ciência e Tecnologia em Moscovo.
Estes enormes buracos começaram a ser registados em 2013, no Ártico russo, sem qualquer motivo aparente. Inicialmente, acreditava-se que estas crateras estivessem ligadas à subida da temperatura média do planeta, mas até agora era só uma suspeita.
Evgeny Chuvilin tem analisado o último buraco que surgiu na tundra siberiana, em dezembro do ano passado, através de modelagem tridimensional, fotografias de drones e inteligência artificial para desmitificar estas ocorrências sem precedentes. Esta foi a décima sétima cratera que já surgiu.
A nova cratera estava extremamente bem preservada, a água da superfície ainda não se tinha acumulado no fundo no fundo da cavidade. Isto, permitiu-nos estudar uma cratera recém-formada, intocada pela degradação”, explicou Evgeny Chuvilin.
Esta foi a primeira vez que um grupo de investigadores conseguiu utilizar um drone para estudar as profundezas da cratera, tendo alcançado distância de cerca de 10 a 15 abaixo da superfície terrestre. Isto, permitiu capturar imagens das cavidades existentes no subsolo, onde se foram bolsas de metano.
O investigador russo faz parte de uma equipa de cientistas que visitaram este buraco gigante em agosto de 2020. As descobertas foram agora publicadas pela revista cientifica Geosciences.
Scientists at the Russian Academy of Sciences' Institute of Oil and Gas Problems visited the newest crater during an expedition to Yamal in August 2020 (Credit: Evgeny Chuvilin) pic.twitter.com/DgQLtJQv62
— Climate Change World Media Newshub 24/7 (@GNewshub) December 1, 2020