Foi há dez anos que todos viram Saddam morrer - TVI

Foi há dez anos que todos viram Saddam morrer

Antes do nascer do dia, a 30 de dezembro de 2006, o ditador iraquiano foi enforcado perante um grupo restrito, mas milhões de pessoas assistiram à sua execução, depois de um vídeo obtido ilegalmente ter sido colocado na Internet

Saddam Hussein morreu há dez anos. O antigo ditador, presidente deposto do Iraque ao fim de duas décadas e um dos homens mais procurados da América, foi executado, por enforcamento, ao nascer do dia 30 de dezembro de 2006, um sábado.

Apenas um grupo restrito, incluindo o juiz Munir Haddad e o conselheiro iraquiano de Segurança Nacional, Muafaq al Rubai, presenciou a execução, no entanto, milhões de pessoas em todo o mundo acabariam por assistir à morte do ditador, filmada por um telemóvel e colocada na Internet.

Saddam, provocador até ao último minuto, recusou esconder o rosto, no qual os norte-americanos fizeram questão de deixar o bigode característico, trocou umas palavras com o carrasco que lhe colocava a corda ao pescoço, deixou outras aos inimigos, rezou e foi insultado por “testemunhas” não identificáveis.

Gritaram “Moqtada, Moqtada!”, o nome do líder radical xiita Moqtada Sadr, um dos seus maiores inimigos, e cujo pai e um tio foram assassinados pelo regime. 

Saddam Hussein, capturado três anos antes, a 13 de dezembro, pelas forças norte-americanas, foi julgado e condenado à pena capital em outubro de 2005, pelo massacre de 148 aldeões xiitas de Doujal, norte de Bagdade, assassinados como represália depois de um atentado falhado contra a coluna presidencial em 1982. 

Naquela “sala de tortura” de uma prisão dos serviços secretos militares de Kadhimiyah, a norte da capital iraquiana, as imagens da execução, com 2,38 minutos, nada escondem. O corpo pendurado, o pescoço partido, os gritos de provocação e de satisfação.

Há três anos, por ocasião do 10.º aniversário da sua detenção, Muafaq al Rubai contou à agência de notícias France Presse (AFP) que não viu “qualquer sinal de medo”.

Também não ouviu “qualquer arrependimento, pedido de perdão…”. Este conselheiro de segurança nacional teve a tarefa de puxar a alavanca que culminaria na morte de Saddam, mas que não funcionou à primeira. Foi uma das testemunhas não identificáveis quem a puxou à segunda tentativa.

Saddam Hussein, que fez inimigos entre os xiitas, mas principalmente com os Estados Unidos, Israel e Irão, foi traído por um segurança pessoal, que o acompanhava há quase nove meses na fuga às tropas norte-americanas.

Os 25 milhões de dólares oferecidos por Washington terão pesado na balança da traição.

Foi capturado num esconderijo subterrâneo numa quinta de Tikrit, a 160 quilómetros de Bagdade, e que os militares norte-americanos descreveram como um “buraco de ratos”, muito distante do luxo do qual parecia não prescindir.

No último dia do ano de 2013 foi enterrado em Awja, Tikrit, a sua terra natal.

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