Iraquiano que ajudou a derrubar a estátua de Saddam está arrependido - TVI

Iraquiano que ajudou a derrubar a estátua de Saddam está arrependido

Destruição da estátua de Saddam Hussein em 2003

Em abril de 2003, quando as tropas americanas entraram naquela praça da capital iraquiana, a imagem de Saddam Hussein foi destruída, ato simbólico que marcou o fim de um tempo. O que leva este homem, agora, a desejar a reconstrução da estátua?

Kadhim Sharif al-Jabouri olha hoje, de Beirute, no Líbano, com tristeza para o Iraque. Treze anos depois da queda de Saddam Hussein, ele arrepende-se de ter ajudado a destruir a estátua do ditador.

“Agora, quando me lembro daquela estátua, sinto pena e vergonha. Pergunto a mim mesmo por que fiz aquilo, por que ajudei a derrubar a estátua? Gostava de reconstruí-la, mas tenho medo que me matem”, confessa o antigo mecânico de Saddam à BBC.

“Saddam foi-se embora, mas no seu lugar estão 1.000 Saddams”, constata, explicando que a corrupção e a instabilidade são maiores agora do que no tempo do ditador.

É por isso que Kadhim Sharif al-Jabouri é perentório quando diz que “Bush e Blair são mentirosos”, referindo-se ao presidente norte-americano e ao primeiro-ministro britânico que deram a ordem para invadir o Iraque.

A BBC divulgou esta entrevista em vésperas da apresentação do “Relatório Chilcot”, uma investigação à participação do Reino Unido na guerra do Iraque. A conclusão aponta para falhas graves e críticas severas a Tony Blair. O relatório acusa o ex-chefe de governo de ter agido com base “numa ameaça não confirmada”, referindo-se às armas de destruição maciça, e de ter optado pela intervenção militar numa altura em que as vias diplomáticas não estavam esgotadas. O envio de tropas “não era o último recurso”.

Tony Blair, afastado de cargos políticos na Grã-Bretanha, veio, já esta quarta-feira, a público, reagir ao relatório que levou sete anos para ser divulgado. Tony Blair “lamenta as vidas que se perderam no conflito”, e assume “todas as responsabilidades”, mas sublinha que sempre “agiu de boa fé”, de acordo com a BBC.

O Iraque tem vivido num clima de guerra civil desde a queda do regime, o que potenciou o crescimento do Estado Islâmico no país. Esta semana registou-se o atentado mais sangrento no país desde 2003. Mais de 200 civis morreram em Bagdad, num ataque reivindicado pelo Estado Islâmico.

A instabilidade, o medo e a morte fazem parte da rotina de um país destruído, mas rico em ouro negro, o petróleo.

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