Português testemunhou incêndio que desalojou 200 refugiados na Grécia - TVI

Português testemunhou incêndio que desalojou 200 refugiados na Grécia

José Cortez é voluntário num campo refugiados na ilha de Samos, na Grécia

As chamas destruíram por completo centenas de abrigos, num campo de refugiados na ilha de Samos, na Grécia. 

Nas imagens a que a TVI teve acesso é possível ver um fogo descontrolado, durante a noite, sem um único bombeiro no terreno.

Demoraram imenso tempo até começarem a combater o fogo. Dezenas de minutos nos quais a única coisa que viera eram os refugiados a tentar apagar o fogo com baldes de água”, relata-nos José Cortez, um voluntário português no terreno que testemunhou um dos fogos.

Foi um dos três incêndios que atingiram o campo de refugiados na ilha de Samos. Um campo com problemas crónicos de sobrelotação, que agora se tornam ainda mais graves. Duzentas pessoas ficaram desalojadas. Arderam contentores, tendas, bens pessoais e a esperança de ter um local abrigado em plena pandemia de covid-19.

Estas pessoas não sabem o que lhes vai acontecer. Não sabem se vão ser realojadas, se vão voltar para o campo. Quem perde são elas… são vítimas de condições horríveis”, avança José Cortez, que testemunhou danos consideráveis.

 

A zona inferior foi completamente ardida e o segundo e o terceiro fogo afetaram mais a zona central. O resultado disso é que centenas de pessoas perderam o pouco que tinha. Ficaram com nada! Está completamente destruído”.

 

É o segundo maior campo de refugiados da Europa. Foi concebido para receber 650 pessoas, mas hoje tem cerca de 8 mil. É lá que José Cortez está a ajudar “mulheres, bebés, crianças idosos e crianças que ficaram a dormir na rua. Algumas têm medo dos conflitos… que foram a causa dos incêndios. Um conflito entre comunidade africana e árabe. Reina um clima de incerteza”.

Todas estas pessoas vivem agora num terreno baldio, ao lado do campo, onde aguardam em tendas, improvisadas pelas ONG, a resposta das autoridades gregas.

Em outubro, já tinha havido um incêndio neste mesmo campo e, em Lesbos e Quios, também já houve vários fogos a destruir o pouco que estes refugiados e migrantes ainda têm depois da travessia do mar entre a Grécia e a Turquia. As Nações Unidas já pediram ao Governo grego para agir e retirar os mais vulneráveis dos campos espalhados pelo país.

Também a Organização Internacional para as Migrações, liderada por António Vitorino, alertou, numa entrevista exclusiva à TVI, para a urgência de adoção de medidas que protejam os requerentes de asilo em tempo de pandemia. Ainda não foi feito qualquer teste de despiste à Covid-19 nestes campos nas ilhas gregas, mas no continente quase 200 refugiados testaram positivo.

Tudo se agrava com estes incêndios. Quem ficou desalojado passa de requerente de asilo a, literalmente, sem abrigo. 

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