Água: escassez mundial deve-se a falta de vontade política - TVI

Água: escassez mundial deve-se a falta de vontade política

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Quem o diz é a relatora das Nações Unidas para o direito à Água e ao Saneamento

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A relatora das Nações Unidas para o Direito à Água e ao Saneamento, Catarina Albuquerque, defendeu hoje ser possível concretizar o acesso de todos a este recurso, com soluções de baixo custo, se os políticos assim decidirem.

Catarina Albuquerque apresenta hoje um livro, resultado do seu trabalho pelo mundo inteiro para recolher «boas práticas» na realização do acesso à água, um direito reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2009.

O lançamento do livro, em colaboração com a Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Saneamento (ERSAR), ocorre no âmbito do Fórum Mundial da Água, que se realiza até sábado, em Marselha, uma iniciativa em que participa a ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, Assunção Cristas, e várias entidades portuguesas.

Os exemplos que a especialista recolheu em países de todo o mundo mostram que «é possível realizar este direito desde que haja vontade política, determinação, vontade de fazer mais e melhor», como transmitiu à Agência Lusa.

As experiências apontadas vêm de países tão ricos como o Japão ou a Finlândia, mas também de países com grandes dificuldades económicas, e levam a concluir que «há soluções pequenas, de baixo custo, que promovem a realização do direito à água».

«Temos de aprender uns com os outros e no livro tento mostrar as boas práticas que já existem e nas quais as pessoas e os países que ainda têm dificuldades se devem inspirar para tornarem o direito à água uma realidade para toda a gente», alertou a relatora da ONU.

«O que nos falta é mais vontade política para ampliar e multiplicar este tipo de práticas para que o mundo se transforme e para que deixe de ser um lugar onde metade da população não tem ainda acesso à água e a saneamentos dignos, de qualidade, e em que mil milhões de pessoas praticam as suas necessidades a céu aberto», salientou Catarina Albuquerque.

O sonho da especialista era promover o intercâmbio e ajuda entre Estados para a realização deste direito, até porque «os problemas são muito parecidos» de país para país.

Catarina Albuquerque referiu estudos que mostram que, «por cada dólar investido em água e saneamento, o retorno que o país recebe devido a benefícios na área da saúde e na área do desenvolvimento pode ir até aos 33 dólares».

«Os políticos talvez prefiram estar a investir em coisas que se vejam de forma mais direta. Como querem vitórias a muito curto prazo, esquecem-se dos benefícios a médio e longo prazo que a água e o saneamento nos trazem», apontou.

Responsáveis de todo o mundo estão esta semana em Marselha e analisar «soluções concretas» para os problemas da gestão e acesso à água, os financiamentos e os casos de seca e cheia, mais frequentes com as mudanças do clima.

O 6.º Fórum Mundial da Água, organizado pelo Conselho Mundial da Água que se repete em cada três anos, iniciou-se segunda-feira em Marselha, França, e decorre até sábado, com conferências, reuniões, debates e exposições.
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