Papa recebe Maduro no Vaticano e incentiva diálogo na Venezuela - TVI

Papa recebe Maduro no Vaticano e incentiva diálogo na Venezuela

Audiência de carácter “privado” na Santa Sé, aconteceu numa altura em que se adensam os protestos no país e milhares nas ruas pedem a saída do presidente

A crise política e social na Venezuela toma proporções cada vez mais difíceis de prever. Nas ruas, o povo pede a saída de Nicolas Maduro, enquanto apoiantes do presidente organizam contramanifestações em sua defesa. Ainda no último domingo, um grupo de apoiantes do presidente venezuelano invadiu a Assembleia Nacional, em Caracas, durante uma sessão parlamentar.

A invasão aconteceu depois de o Parlamento declarar que o país se encontra em rutura da ordem constitucional e denunciou um golpe de Estado cometido pelo governo de Maduro. O mesmo órgão constitucional apelou aos cidadãos que se manifestem nas ruas até que “a democracia seja restaurada”.

A Assembleia Nacional anunciou uma série de medidas que incluem um pedido formal à Organização dos Estados Americanos (OEA) para que aplique a Carta Democrática Interamericana, a nomeação de um novo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e um Tribunal Supremo Justiça (TSJ) “a serviço dos venezuelanos”.

Visitas de Estado

Indiferente a estas manifestações, Nicolas Maduro está fora do país em visitas de Estado. No dia em que se viviam momentos conturbados na Assembleia Nacional, Maduro encontrava-se, em Riade, com o ministro do Interior da Arábia Saudita, o príncipe Mohammed Bin Nayef.

Esta segunda-feira, Nicolas Maduro foi recebido pelo Papa Francisco, no Vaticano. As informações sobre o encontro são escassas. O Palácio de Miraflores divulgou apenas imagens da chegada de Maduro ao Vaticano e o que se sabe do encontro consta apenas de uma curta nota da Santa Sé.

Chegada de Nicolas Maduro ao Vaticano

Durante a audiência, que teve caráter “privado” e não tinha sido anunciada, o sumo pontífice incentivou “o diálogo sincero e construtivo” entre governo e oposição da Venezuela. O Papa sublinhou a importância de “aliviar o sofrimento” das pessoas e promover “a coesão social”, de acordo com a nota emitida pela Santa Sé.

O Papa Francisco convidou o presidente venezuelano a iniciar “com coragem a via do diálogo sincero e construtivo para aliviar o sofrimento do povo.”

O empenho do Vaticano em promover o diálogo na Venezuela é visível em gestos como o envio de um representante a Caracas. O enviado do Papa Francisco à Venezuela, já depois de conhecido o resultado do encontro com Maduro, anunciou que Governo e oposição concordaram em iniciar um diálogo formal para superar a crise política.

A primeira reunião está prevista para o próximo domingo, dia 30, na Isla Margarita, uma ilha venezuelana do Caribe. Mas já houve um pequeno encontro de preparação, sob supervisão da Santa Sé.

Emil Paul Tscherrig, o núncio apostólico argentino, enviado pelo Papa, assegura que o encontro entre chavistas e opositores, esta segunda-feira, “transcorreu em um clima de respeito, cordialidade e vontade política para fazer avançar esse processo”.

O líder da Oposição, Henrique Capriles, agradeceu a mediação do Papa Francisco, mas, referindo-se a Maduro, deixa um aviso, que adivinha poucos progressos no diálogo: “Atenção, porque nós estamos lidando com o diabo”.

Capriles pede também medidas mais efetivas para acabar com a crise no país e sublinha: “Não se resolve a crise sentando o governo e a oposição e tirando uma foto.”

Protestos nas ruas

Enquanto se tenta que a via diplomática avance com soluções, o povo sai à rua. Em San Cristóbal, capital do Estado de Táchira, perto da fronteira com a Colômbia, pelo menos 27 estudantes universitários ficaram feridos esta segunda-feir, após confrontos com a polícia. Os estudantes protestavam contra a suspensão do referendo convocado pela oposição contra Maduro.

Mas os protestos não acontecem só em San Cristóbal. Em Caracas, também manifestantes (sobretudo estudantes) e polícia se envolveram em confrontos, durante uma manifestação contra Nicolas Maduro, na Universidade Central da Venezuela.

Os números oficiais não são ainda conhecidos, mas a imprensa local avança que pelo menos dois estudantes ficaram feridos, depois de a polícia ter recorrido a gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar a multidão.

Há registo de protestos violentos também nos estados de Lara, Carabobo, Zulia e Nueva Esparta.

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