Polícia pode ter descoberto Anne Frank e a família por acidente - TVI

Polícia pode ter descoberto Anne Frank e a família por acidente

Anne Frank (foto site museu Anne Frank)

No mesmo edifício onde o grupo de oito pessoas estava escondido trabalhavam dois homens, identificados como “B” e “D” no diário da jovem, que vendiam falsos cupões de alimentos. Terão sido as atividades ilegais dos dois funcionários que levaram à descoberta do esconderijo da família de Anne Frank

É um mistério com 72 anos: quem traiu Anne Frank? Uma nova teoria sugere que, afinal, a resposta a esta questão pode ser: ninguém.

A jovem, cujo diário se tornou um dos símbolos do holocausto, a sua família e uma outra viveram escondidos num anexo secreto em Amesterdão desde 1942 a 1944, altura em que foram “descobertos” pela polícia e deportados para campos de concentração. Até hoje, a maioria das teorias sugeria que a família tinha sido denunciada através de uma chamada anónima para as autoridades, mas uma nova investigação da Anne Frank House atira a responsabilidade para uma infeliz coincidência.

Os investigadores colocaram a hipótese da denúncia de parte e debruçaram-se sobre o motivo da rusga policial que acabou por revelar o esconderijo das duas famílias.

No mesmo edifício onde o pai de Anne Frank tinha o seu negócio – e onde o grupo de oito pessoas estava escondido – trabalhavam dois homens, identificados como “B” e “D” no diário da jovem, que vendiam falsos cupões de alimentos. Terão sido as ilegalidades cometidas pelos dois homens que levaram as autoridades ao prédio, que depois descobriram o grupo de judeus.

Numa entrada de abril de 1944, a jovem escreveu que a dupla “foi apanhada” e que, por isso, as duas famílias não tinham cupões para levantar alimentos, o que sugere que também terão recorrido aos serviços dos homens.

Uma empresa onde pessoas trabalhavam ilegalmente e cujos dois funcionários foram detidos por vender cupões de alimentos corria o risco de atrair a atenção das autoridades”, escreveu Gertjan Broek, um dos investigadores. 

Como escreve a CNN, a nova teoria baseia-se em quatro fundamentos: em primeiro lugar, dois dos três polícias envolvidos na "rusga" não estavam destacados para encontrar judeus, um dedicava-se à investigação de roubos de dinheiro e jóias e outro a crimes económicos, como os negócios com os cupões. Depois, o número usado para contactar a Sicherheitsdienst (os serviços secretos) não estava associado a um particular, o que indica que a chamada poderá ter sido feita por uma outra entidade oficial. Em terceiro lugar, a "rusga" durou cerca de duas horas, demasiado tempo para encontrar as oito pessoas, se a polícia tivesse sido alertada para a sua presença. E, por fim, em 72 anos, nenhum dos vários suspeitos da "traição" ao grupo de judeus foi considerado como provável culpado.

No entanto, a investigação não exclui a hipótese da denúncia anónima, prática comum contra judeus na altura da segunda guerra mundial. Serve, sobretudo, para abrir a porta a outras possibilidades.

As duas famílias foram levadas para o campo de Westerbork e depois para o campo de concentração de Auschwitz. Anne Frank e a irmã Margot foram transferidas para o campo de Bergen-Belsen, onde acabariam por morrer com tifo, já em 1945.

Apenas o pai da jovem, Otto Frank, conseguiu sobreviver.

A história das duas famílias e o seu dia-a-dia foram relatados pela jovem num diário, publicado já após a morte de Anne Frank, em 1947.

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