Media iranianos aumentam recompensa para matar Salman Rushdie - TVI

Media iranianos aumentam recompensa para matar Salman Rushdie

Salman Rushdie no Tribeca Film Festival 2012 (Lucas Jackson)

Autor de "Versículos Satânicos" tem a cabeça a prémio há 27 anos, desta vez por uma quantia acrescida de 500 mil euros oferecida por meios de comunicação social ligados ao regime

Quarenta meios de comunicação social ligados ao regime iraniano ofereceram uma recompensa conjunta de 600 mil dólares (546.490 euros) a quem executar a sentença de morte (fatwa) imposta ao escritor Salman Rushdie. A sentença foi decretada pelo ayatollah Khomeini em 1989, após a publicação do romance "Versículos Satânicos".

A agência Fars, que divulgou a notícia na terça-feira, doou ela própria mil milhões de riais (27 mil euros). O fundo foi agora criado a pretexto do aniversário da fatwa original, que o fundador da revolução islâmica anunciou na rádio a 14 de Fevereiro de 1989, e acrescenta mais de 500 mil euros à recompensa já existente de 3,9 milhões de dólares (3,5 milhões de euros).

De acordo com a BBC, não é a primeira vez que o valor do prémio prometido a quem execute a sentença de morte imposta ao escritor é aumentado, mas é a primeira vez que o mesmo envolve dezenas de órgãos de comunicação social.

Nascido na Índia e descendente de uma família muçulmana, Salman Rushdie foi acusado de blasfémia por Khomeini, que estendeu a sentença a todos os envolvidos na publicação de "Versículos Satânicos". Radicado no Reino Unido, o romancista viveu muitos anos escondido e sob proteção policial do governo britânico.

O gesto de Khomeini levou o Reino Unido a quebrar as relações diplomáticas com o Irão. E foi para conseguir reatar com o governo britânico que, em 1998, o regime de Teerão, então liderado por Mohammad Khatami, assegurou em público que não promoveria ou apoiaria operações destinadas a assassinar Salman Rushdie.

Mas a ordem de 1989 nunca foi oficialmente abolida e, em 2005, o sucessor de Khomeini, o ayatollah Ali Khamenei, afirmou que a fatwa continuava em vigor. A mesma posição foi também já assumida pela Guarda Revolucionária. O regime tem argumentado que a fatwa só pode ser retirada pelo autor, ou seja, Khomeini, que morreu em Junho de 1989, poucos meses após a ter lançado.

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