Quarenta meios de comunicação social ligados ao regime iraniano ofereceram uma recompensa conjunta de 600 mil dólares (546.490 euros) a quem executar a sentença de morte (fatwa) imposta ao escritor Salman Rushdie. A sentença foi decretada pelo ayatollah Khomeini em 1989, após a publicação do romance "Versículos Satânicos".
A agência Fars, que divulgou a notícia na terça-feira, doou ela própria mil milhões de riais (27 mil euros). O fundo foi agora criado a pretexto do aniversário da fatwa original, que o fundador da revolução islâmica anunciou na rádio a 14 de Fevereiro de 1989, e acrescenta mais de 500 mil euros à recompensa já existente de 3,9 milhões de dólares (3,5 milhões de euros).
De acordo com a BBC, não é a primeira vez que o valor do prémio prometido a quem execute a sentença de morte imposta ao escritor é aumentado, mas é a primeira vez que o mesmo envolve dezenas de órgãos de comunicação social.
Nascido na Índia e descendente de uma família muçulmana, Salman Rushdie foi acusado de blasfémia por Khomeini, que estendeu a sentença a todos os envolvidos na publicação de "Versículos Satânicos". Radicado no Reino Unido, o romancista viveu muitos anos escondido e sob proteção policial do governo britânico.
O gesto de Khomeini levou o Reino Unido a quebrar as relações diplomáticas com o Irão. E foi para conseguir reatar com o governo britânico que, em 1998, o regime de Teerão, então liderado por Mohammad Khatami, assegurou em público que não promoveria ou apoiaria operações destinadas a assassinar Salman Rushdie.
Mas a ordem de 1989 nunca foi oficialmente abolida e, em 2005, o sucessor de Khomeini, o ayatollah Ali Khamenei, afirmou que a fatwa continuava em vigor. A mesma posição foi também já assumida pela Guarda Revolucionária. O regime tem argumentado que a fatwa só pode ser retirada pelo autor, ou seja, Khomeini, que morreu em Junho de 1989, poucos meses após a ter lançado.