O jornalista venezuelano Jesus Medina, do portal Dólar Today, crítico do regime, foi sequestrado durante 72 horas por desconhecidos que o torturaram, após ter publicado uma reportagem sobre a prisão de Tocorón.
De acordo com o Ministério Público, o jornalista, que estava desaparecido desde sábado, foi encontrado com vida na noite de terça-feira por funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) enquanto caminhava pela autoestrada Caracas - La Guaira (norte), após ter sido vítima de sequestro.
Ele disse aos funcionários militares que tinha sido raptado em Boleíta", explicou o Ministério Público no Twitter, precisando que o jornalista apresentava sinais de espancamento e caminhava apenas em roupa interior, tenho recebido, depois, assistência médica.
O jornalista explicou a uma colega que o sequestro “foi uma mensagem para todos os trabalhadores da imprensa”, defendendo que para ele “informar não é um crime”.
Jesus Medina disse que esteve fechado dentro de um quarto durante pelo menos 52 horas, sem ter recebido qualquer tipo de alimentos ou bebidas.
Jesús Medina: Estuve incomunicado, sin comer, sin agua y en un cuarto oscuro los tres días https://t.co/StnDo16p38 pic.twitter.com/i2WM39ZiJq
— CaraotaDigital (@CaraotaDigital) 7 de novembro de 2017
Por outro lado, através do Twitter, agradeceu a “Deus, a Nossa Senhora e aos companheiros da imprensa” pela pressão que fizeram para que fosse libertado.
Torturaram-me e ameaçaram matar-me. Voltei para continuar a informar a verdade e para lutar mais pelo meu país, na Venezuela”, escreveu numa outra mensagem.
Como jornalista, Medina tinha denunciado o cultivo de marijuana, e descrito como os presos viviam na prisão de Tocorón: com acesso a um jardim zoológico, a um parque infantil, piscinas, um banco, entre outros luxos.
Na reportagem participaram ainda dois jornalistas estrangeiros, Roberto Di Matteo (italiano) e Filippo Rossi (suíço) que depois de terem recebido autorização para entrar com equipamento de vídeo e telemóveis, foram também detidos pelo diretor, Rigoberto Fernández, e acusados de tentar usar esse equipamento para “desprestigiar” a direção da prisão.
Uma fotografia dos três jornalistas foi divulgada nas redes sociais, levando um procurador do MP a deslocar-se ao local, o que resultou na sua libertação.