Médico sírio chora em entrevista à CNN: “Acabem com esta guerra” - TVI

Médico sírio chora em entrevista à CNN: “Acabem com esta guerra”

Responsável pela UOSSM, que tem a seu cargo mais de uma dezena de hospitais no país, diz que a sua equipa não dorme há dias e que “está à beira do colapso”

É mais um relato emotivo da guerra na Síria, mais um apelo à comunidade internacional, mais uma tentativa de colocar um ponto final numa tragédia de quatro anos e meio, desta feita por parte de um médico, que não conteve as lágrimas em entrevista à CNN, na quarta-feira.  

Zaidoun al-Zoabi, diretor da União de Organizações Sírias de Socorro Médico (UOSSM), principal parceiro das Nações Unidas no país e responsável por mais de uma dezena de hospitais, confessou que a sua equipa não dorme há vários dias, sobretudo desde que a Rússia e as forças de Bashar al-Assad bombardeiam com intensidade a cidade de Alepo, forçando a deslocação de milhares de pessoas, bebés e crianças incluídos, para campos desabrigados.
 
“Não conseguimos fornecer comida suficiente, não conseguimos prestar cuidados médicos suficientes, não conseguimos garantir abrigo. E mesmo que o consigamos fazer numa pequena proporção, é demasiado para nós. Não dormimos há dias. Esta situação está além das nossas capacidades, não conseguimos lidar com isto muito mais. O que fizemos para ter de aguentar uma Guerra tão sangrenta e estúpida?”, questionou o médico, que acabou por chorar.
 
“É demasiado para nós, estamos muito cansados, sentimo-nos tão incapazes… Desculpem, mas não consigo evitar, estamos à beira do colapso. Por favor, acabem com esta guerra, façam algo para acabar com esta guerra”, disse já em lágrimas.

Segundo Zaidoun al-Zoabi, a intervenção russa em conjunto com as ofensivas militares das forças de Bashar al-Assad estão a fazer com que milhares de pessoas deixem as zonas controladas pelos rebeldes.

A sua organização, a UOSSM, acredita que cerca de 70 mil pessoas estarão em trânsito a partir de Alepo, sem saberem para onde se deslocar em busca de segurança e também sem meios para se protegerem.

“Vimos pessoas sem nada, sem tendas sequer, e a pedirem comida”, contou o médico.
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