Não olhe para o lado: Ghouta está a ser massacrada - TVI

Não olhe para o lado: Ghouta está a ser massacrada

Centenas de civis mortos, hospitais bombardeados, crianças em desespero. As imagens da última semana na região de Ghouta, na Síria, podem chocar, mas não podem deixar ninguém indiferente

Mais de 400 pessoas morreram desde domingo na região de Ghouta, na Síria, e os feridos são pelo menos 2.000. Horas antes do Conselho de Segurança da ONU votar uma trégua humanitária, uma testemunha garantiu à Reuters que os ataques aéreos desta manhã foram mesmo os piores destes seis dias.

Do céu caem bombas enviadas pelo governo de Bashar al-Assad, com ajuda russa, e correm rumores de uma ofensiva terrestre sobre este enclave, controlado pelos rebeldes. Por terra, as imagens já não deixam dúvidas: estamos perante um massacre.

Nos escombros, socorristas e civis procuram por sobreviventes, mas o resgate nem sempre é algo mais do que novo encontro com a morte. É que entre os alvos dos bombardeamentos estão precisamente os cuidados de saúde: mais de 10 hospitais e clínicas foram destruídos desde domingo.

O sofrimento indescritível que estamos a testemunhar foi deliberadamente planeado e meticulosamente implementado ao longo do tempo. A situação atual é o resultado letal de uma estratégia consciente de cerco, de bloqueio de ajuda e, em última análise, de destruição ilegal de alvos civis com bombas – a tática que o governo sírio e os seus aliados iniciaram em Alepo e que agora estão a repetir com brutalidade em Ghouta oriental”, disse Susannah Sirkin, diretora da ONG Médicos para os Direitos Humanos, ao The Guardian.

Esta sexta-feira, era suposto o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter votado, às 16:00, uma proposta de cessar-fogo de 30 dias para todo o território sírio. O objetivo é, apenas, proporcionar ajuda humanitária às vítimas. A votação foi adiada.

A Rússia tem colocado entraves a esta trégua, alegando que nenhum cessar-fogo pode abranger grupos terroristas como o Estado Islâmico, a Al Qaeda ou a Frente Nusra. Um "critério" que exclui precisamente Ghouta, já que é aí que alegam estar a combater estes alvos.

Entretanto, não se sabe o que mudou no texto para ir de encontro às aspirações russas e sequer se é possível fazê-lo.

Mais de 400.000 pessoas vivem em Ghouta oriental, o último bastião rebelde às portas de Damasco. Estão cercadas pelas forças governamentais desde 2013. 

Damasco e Moscovo alegam que estão a atacar apenas rebeldes, evitando, por sua vez, os ataques destes à capital. Mais uma vez, denunciam que são os rebeldes a usar civis como escudos humanos. 

Certo é que, em quase sete anos de guerra, este já é um dos piores ataques aéreos desta. E, durante seis dias, a comunidade internacional não conseguiu fazer nada para o travar.

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