Criminoso de guerra era motorista da Uber nos Estados Unidos - TVI

Criminoso de guerra era motorista da Uber nos Estados Unidos

  • CM
  • 23 mai 2019, 15:21
Yusuf Abdi Ali

Antigo coronel Yusuf Abdi Ali era um dos comandantes do exército nacional da Somália, responsável por execuções em massa e atos de tortura, segundo várias testemunhas

Um antigo comandante do exército nacional da Somália, suspeito de execuções em massa e atos de tortura durante a guerra civil, na década de 80, foi julgado e condenado nos Estados Unidos, onde era condutor da Uber e da Lyft.

Yusuf Abdi Ali foi identificado pelo cidadão somali Farhan Tani Warfaa, que, em tribunal, disse ter sido vítima de tortura por parte do antigo coronel leal ao ditador Mohamed Siad Barre.

Na última terça-feira, o tribunal deu como provados os crimes praticados contra Warfaa, que desde 2004 procurava obter justiça, determinando, ainda, o pagamento à vítima de uma indemnização de 500 mil dólares.

Nos últimos 15 anos, porém, o processo esteve suspenso, segundo o The New York Times, na sequência de uma batalha judicial para decidir se um cidadão somali poderia dar entrada de uma ação nos Estados Unidos por tortura cometida noutro país.

Ali foi descoberto na Virgínia por uma equipa de reportagem da CNN, que o descobriu ao serviço da Uber, onde era um condutor reputado, com uma avaliação de 4,89.

Warfaa, que disse à BBC estar “muito feliz” com o desfecho de um capítulo com mais de 30 anos.

Então, em 1987, foi sequestrado em sua casa, no norte do país, por um grupo de militares sob o comando de Ali. Nos meses seguintes, disse ter sido interrogado, torturado, espancado e, inclusive, baleado sob as ordens do então comandante.

Yusuf Abdi Ali foi identificado, pela primeira vez, em 1992, num documentário da Canadian Broadcasting Corporation, no qual foi apontado como o responsável pela morte, tortura e mutilação de centenas de pessoas durante o regime de Mohamed Siad Barre.

Várias testemunhas descreveram os crimes de Ali, que era conhecido na Somália como “tukeh” (“o corvo”).

Após a exibição do documentário, Ali, que vivia em Toronto na altura, foi deportado por "graves violações dos direitos humanos".

Também seria deportado dos Estados Unidos, mas conseguiu regressar em 1996, não sendo claro como conseguiu fazê-lo, sabendo-se apenas que desde essa data vivia na Virgínia.

 

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