"Reféns esquecidos" tiveram de comer pássaros e ratos para sobreviver - TVI

"Reféns esquecidos" tiveram de comer pássaros e ratos para sobreviver

Reféns de piratas libertados após mais de quatro anos

Pescadores raptados em 2012 por piratas somalis foram libertados após quatro anos. Um dos sobreviventes contou, à CNN, o que tiveram de fazer para sobreviver

Um grupo de 26 pescadores raptados ao largo das Ilhas Seicheles, feitos reféns na Somália durante mais de quatro anos, foram finalmente libertados após meses de apelos feitos aos líderes religiosos somalis por parte do Programa de Apoio aos Reféns.

Os homens foram vítimas de um assalto de piratas, a 12 de março de 2012, e levados para o país, onde viveram em condições miseráveis desde então. De um total de 29, apenas 26 sobreviveram.

Originário de países do este da Ásia como o Camboja, China ou Indonésia, o grupo estava a bordo do navio taiwanês Naham 3 e foi levado pelos piratas na esperança de poder ser trocado por um resgate – como aconteceu com outra dezena de equipas de pescadores. Porém, por não pertencer a uma companhia com grande faturação, um resgate nunca chegou e poucos eram os interessados na sua libertação. Por este motivo, ficaram conhecidos como os “reféns esquecidos”.

Os homens viveram a maior parte do tempo ao ar livre, em descampados perto da localidade de Galkayo. Um dos sobreviventes contou, à CNN, que sem água nem comida, os homens tiveram de lutar para sobreviver, alimentando-se de pássaros, gatos selvagens e até ratos.

Precisámos de comer de tudo para sobreviver”, afirmou Arnel Balbero.

Balbero, raptado com 28 anos, hoje com 32, contou, já em Nairobi, no Quénia, - cidade para onde foram levados os homens para apanharem voos para os países de origem – que os piratas tinham a mentalidade de animais, sem qualquer compaixão por feridos ou doentes.

Tinham a mentalidade de animais. Quando adoecíamos, e pedíamos tratamento médico, diziam-nos que era preferível que morrêssemos. O que se pode dizer sobre isto? Deixar pessoas morrer revela uma mentalidade de animais”.

Os três companheiros que não sobreviveram nunca vão desaparecer da memória de Balbero. O pescador contou que o capitão do Naham 3 foi morto logo durante o ataque e que outros dois homens acabariam por sucumbir a uma doença desconhecida que lhes deixou as pernas e caras inchadas.

Quando nos disseram que íamos para casa, lembrei-me destes dois membros da tripulação e do capitão e disse ‘lamento’”.

Segundo a agência Reuters, o grupo foi o que mais tempo esteve sequestrado por piratas somalis, desde o pico desta prática, em 2012.

Estima-se que os assaltantes tenham conseguido 146 milhões de dólares pela troca de 159 reféns raptados de 10 barcos ao largo do país. O aumento da presença de navios militares ajudou a diminuir a pirataria na Somália e desde 2012 que não há registo de um ataque com sucesso a um barco naquela zona do Índico.

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