A comunicação do secretário-geral da ONU, António Guterres, surgiu através de um vídeo, publicado também nas redes sociais, ao início do dia desta segunda-feira.
Peace is not just the absence of war. Many women under lockdown for #COVID19 face violence where they should be safest: in their own homes.
— António Guterres (@antonioguterres) April 6, 2020
Today I appeal for peace in homes around the world.
I urge all governments to put women’s safety first as they respond to the pandemic. pic.twitter.com/PjDUTrMb9v
Sabemos que o confinamento e as quarentenas obrigatórias são essenciais para suprimir a Covid-19, mas eles podem ser uma armadilha para as mulheres com parceiros abusivos."
A preocupação de Guterres advém do facto de vários países e associações terem alertado para o flagelo, uma vez que vítimas e agressores convivem agora, sem outra alternativa, muitas vezes durante o dia inteiro, no mesmo espaço físico, a casa.
Nas últimas semanas, com a pressão económica e o medo a crescer, temos visto uma terrível onda de violência doméstica. Em alguns países, o número de mulheres a pedir ajuda mais do que duplicou. Enquanto isso, os hospitais e a polícia estão inundados e sem trabalhadores. Os grupos de apoio local estão paralisados, ou com pouco dinheiro. Alguns abrigos para vítimas estão fechados, outros estão cheios".
O secretário-geral da ONU pede, assim, aos vários países que incluam a violência contra as mulheres nos planos nacionais de combate à Covid-19.
Isso significa aumentar o investimento nos serviços online e nas organizações da sociedade civil; garantir que o sistema judicial continua a processar agressores; instalar sistemas de alerta de emergência nas farmácias e nos supermercados; declarar os abrigos como serviços essenciais; e criar formas seguras para que as mulheres peçam ajuda, sem alertar os agressores"
O apelo surge depois de um primeiro que a ONU fez a um "cessar-fogo global imediato", devido à crise sanitária que o mundo atravessa. No entanto, esse pedido não foi suficiente: "A violência não está confinada ao campo de batalha. Para muitas mulheres e raparigas, a ameaça parece maior onde deveriam estar mais seguras, nas suas próprias casas".
No sentido de oferecer maior proteção às vítimas que, em Portugal, estejam obrigadas a conviver mais tempo com o agressor, o Governo criou um linha SMS, para a qual as mulheres ou homens violentados podem, em silêncio, pedir ajuda, através do número 3060. Para o mesmo propósito, existe o email violencia.covid@cig.gov.pt, que é visto e respondido sete dias por semana.