Noura Hussein foi condenada à pena de morte por ter esfaqueado fatalmente o marido, enquanto estava a ser violada.
No Sudão é legal casar a partir dos 10 anos assim como ser violada pelo marido e é algo que acontece a Noura desde que casou aos 15 anos.
A jovem sudanesa foi obrigada a casar aos 15 anos, mas nunca escondeu a insatisfação e fugiu para casa de um tio, onde esteve durante três anos. Posteriormente foi enganada pelo pai, que a entregou de novo à família do marido.
No regresso, Noura Hussein rejeitou relações sexuais, mas os familiares do marido seguraram-na para o marido a violar.
O irmão e os primos dele tentaram demovê-la e quando ela recusou foi esbofeteada e ordenada a ir para o quarto. Um segurou o pescoço e a cabeça, os outros seguraram as pernas", disse Adil Mohamed Al-Imam, um dos advogados de Noura.
Um dia depois o marido tentou violá-la outra vez e ela, então, esfaqueou-o. Depois procurou apoio nos pais, mas estes entregaram-na à polícia.
A violação conjugal acontece regularmente no Sudão e as pessoas não falam sobre isso", disse o investigador da Amnestia Internacional do Sudão, Ahmed Elzobier.
A sentença de pena de morte foi ouvida na quinta-feira, onde os apoaintes de Hussein encheram a sala e corredor do tribunal em Omdurman. A família do marido recusou a opção de perdão e compensação financeira, dizendo que só a execução seria justa.
The court is full. People gathered to support Noura for her last trial. Thanks to our @AfrikaYM member @badreldins for keeping us updated. #JusticeForNoura @ENoMW @elizamackintosh pic.twitter.com/GEaaZD6ElE
— Sodfa Daaji (@sodfadaaji) May 10, 2018
A equipa legal tem 15 dias para recorrer da decisão do tribunal. "Ela ainda está em choque com a sentença", disse Adil Mohamed Al-Imam, citado pela CNN.
Al-Imam doou os seus serviços depois do primeiro advogado de Noura ter desistido do caso.
O caso já chegou às redes sociais com as hastags #JusticeforNoura e #SaveNoura e há já uma petição a circular.
HOW YOU CAN STILL HELP #JusticeForNoura:
— Munchkin (@BSonblast) May 10, 2018
Sign the petition: https://t.co/VHi639I5pG
The petition helps get the attention of media, as well as international (human rights) organizations.
The petition has ALREADY proven useful so if you haven’t already, please sign it now.
Shahd Hamza, de 20 anos, fez parte do grupo que esteve no tribunal e espera que este caso gera discusão na sociedade sudanesa.
As pessoas afastam-se destas conversas no Sudão, é um tabu. Espero que agora as pessoas se sintam confortáveis para falar sobre isto com os seus pais e avós.", disse Shahd.