Jair Bolsonaro diz que só deixa o poder "preso, morto ou com a vitória" - TVI

Jair Bolsonaro diz que só deixa o poder "preso, morto ou com a vitória"

  • Agência Lusa
  • CM
  • 7 set 2021, 21:29

Numa manifesta intenção de concorrer novamente à presidência do Brasil, em 2022, o chefe de Estado garantiu, ainda, que nunca será preso, dirigindo-se aos "canalhas" dos tribunais

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou, nesta terça-feira, que "nunca será preso".

Referindo-se ao juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que tem determinado investigações contra aliados do presidente, como "canalha", Bolsonaro instou o magistrado a "enquadrar-se" ou a "pedir para sair".

Ou esse juiz se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade. Dizer a esse juiz que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixe de censurar o povo", disse, em discurso perante milhares de apoiantes em São Paulo.

"Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou", acrescentou o mandatário na Avenida Paulista, onde compareceu nos protestos organizados pelos seus apoiantes para este 7 de setembro, data comemorativa da Independência do Brasil.

Moraes foi o responsável por decisões recentes contra bolsonaristas que organizavam atos antidemocráticas e difundiam fake news. Contudo, o magistrado tem atuado a partir de pedidos da própria Procuradoria-Geral da República, sob o comando de Augusto Aras, indicado para o cargo por Bolsonaro, e da Polícia Federal.

Não vamos mais admitir que pessoas como Alexandre de Moraes continuem a açoitar a nossa democracia e desrespeitar a nossa Constituição. Ele teve todas as oportunidades de agir com respeito a todos nós, mas não agiu dessa maneira, como continua a não agir", avaliou o mandatário.

Horas antes, em Brasília, o chefe de Estado discursou para milhares de pessoas que se concentraram na Esplanada dos Ministérios, num pronunciamento repleto de ameaças aos juízes do STF. Contudo, Bolsonaro já havia avisado que as suas declarações em São Paulo seriam mais incisivas.

Numa manifesta intenção de concorrer novamente à Presidência do Brasil, em 2022, Bolsonaro afirmou que só deixa o poder "preso, morto ou com a vitória", para logo em seguida declarar que "nunca será preso".

Nesse momento, eu quero mais uma vez agradecer a todos vocês. Agradecer a Deus, pela minha vida e pela missão, e dizer aqueles que querem me tornar inelegível em Brasília que só Deus me tira de lá. Só saio preso, morto ou com a vitoria, mas quero dizer aos canalhas que nunca serei preso", frisou.

O discurso de Bolsonaro em tom de ameaça voltou a ser direcionado para o voto impresso, modalidade que o chefe de Estado acusa, sem provas, de ser alvo de fraudes e a qual defende amplamente, em substituição da atual urna eletrónica, que oferece resposta no mesmo dia e que é usado há mais de 20 anos no Brasil.

Nós queremos eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública de votos. (...) Não posso participar de uma farsa patrocinada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral”, afirmou, em referência ao juiz Luís Roberto Barroso, presidente do órgão máximo da Justiça Eleitoral brasileira.

Bolsonaro também criticou governadores e prefeitos por causa das medidas adotadas durante a pandemia, as quais sempre se mostrou contra.

Vocês passaram momentos difíceis com o vírus, mas pior do que a pandemia foram as ações de alguns governadores e prefeitos, que ignoraram a nossa Constituição. Proibiram vocês de trabalhar e frequentar templos e igrejas para sua oração. A indignação de vocês foi crescendo”, discursou para uma plateia com muitos apoiantes sem máscara de proteção contra a covid-19.

No dia comemorativo da Independência do Brasil, milhares de bolsonaristas saíram às ruas de todo o país, atacando o Supremo e o Congresso, pedindo Liberdade de expressão e religiosa e uma intervenção militar no país, mas mantendo Bolsonaro no poder, para "livrar o país de uma ditadura".

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