Saman Kunan, o herói que morreu a tentar salvar jovens presos na gruta - TVI

Saman Kunan, o herói que morreu a tentar salvar jovens presos na gruta

O ex-membro da marinha esteve como voluntário nesta missão de salvamento

Saman Kunan é o novo herói da Tailândia por ter sacrificado a vida para ter ajudar as crianças presas na caverna Tham Luang Nang Non. O antigo membro da marinha tailandesa morreu esta sexta-feira num dos túneis da caverna, após levar oxigénio às crianças. No regresso, Saman Kunan ficou sem ar para respirar e nem a ajuda do colega o conseguiu salvar.

Mas quem é Saman Kunan?

São muitos os elementos do exército e da marinha, de vários países até, a trabalhar no resgate dos 13 jovens presos numa caverna na Tailândia. Se muitos deles estão lá porque é a sua profissão, Kinan estava a ajudar por opção.

O homem, de 38 anos, deixou a marinha em 2006 para trabalhar no aeroporto de Suvarnabhumi. Mas se ele deixou a marinha, o sentimento de ser SEAL nunca saiu dele e, por isso, nunca perdeu a ligação aos colegas e ao longo destes anos participou em várias atividades com eles.

Perante esta missão de salvamento, Kunan resolveu juntar-se voluntariamente aos colegas e voou até ao local. Antes de descolar fez um vídeo a explicar o que ia fazer. 

Vejo-vos esta noite. Nós vamos trazer as crianças para casa", disse o antigo membro da Marinha.

Voou e juntou-se aos colegas na operação de resgate e rapidamente começou a fazer viagens nos túneis para levar mantimentos e oxigénio ao grupo. Infelizmente, na madrugada de quinta para sexta não resistiu após ficar sem oxigénio.

A morte foi comunicada pelo vice-governador da província de Chiang Rai, Passakorn Boonyaluck: "Depois de entregar uma reserva de oxigénio, ficou sem oxigénio para regressar".

O Chefe dos Comandos falou à imprensa, enalteceu a atitude de Kunan e ressalvou que este revés não vai abrandar esforços nem abalar os comandos: "O esforço dele não vai ser em vão".

Os colegas já reagiram à morte nas redes sociais e salientaram sempre a nobreza de Kunan em os querer sempre ajudar. Quase todos o descreviam como "muito talentoso".

As autoridades disseram que o funeral vai ser pago pelo rei tailandês e que este deu ordem para tratar e cuidar dos filhos de Kunan.

Nas últimas horas, as pessoas têm prestado homenagens a Saman e a cerimónia de repatriação está a ter lugar no aeroporto internacional Mae Fah Luang, em Chiang Rai.

Mais um revés na luta contra o tempo

"A operação de resgate continua. Posso garantir que não entraremos em pânico, não vamos parar nossa missão, não deixaremos o sacrifício de nosso amigo desperdiçar", disse o almirante Arpakorn.

Cerca de 1.000 pessoas continuam envolvidas na operação de resgate, numa altura que a chuva vai intensificar. As autoridades pensavam que teriam tempo para agir, até porque estavam a usar bombas para retirar água das cavernas, mas pode não haver esse tempo e será preciso agir rápido, para evitar que as chuvas que se esperam no fim de semana inundem o local.

No início achámos que as crianças poderiam ficar por muito tempo, mas agora as coisas mudaram, temos um tempo limitado", disse Apakorn Yookongkaew.

As autoridades vão ter de acelerar o processo, mas ainda não será esta noite que vão avançar com o resgate, revelou o governador da região.

Falta de oxigénio preocupa autoridades

A morte do oficial da marinha deixa as autoridades em alerta. Apesar de garantirem que as operações de resgate não foram comprometidas, o acidente mostra que os níveis de oxigénio dentro da caverna estão a diminuir rapidamente, caíram de 21% para os 15%.

As equipas tentam agora bombear oxigénio para dentro da câmara onde os rapazes estão retidos há quase duas semanas através de tubos com cerca de cinco quilómetros de comprimento, de forma a que a equipa tenha ar fresco para respirar. 

Até ao momento, a previsão é que um mergulhador experimentado demore cerca de 11 horas a chegar ao local onde se encontram as crianças: seis horas para ir e cinco horas para regressar, graças a corrente. O percurso estende-se por vários quilómetros através de canais acidentados, com passagens difíceis sob a água.

Os rapazes, de 11 a 16 anos, e o treinador entraram na caverna Tham Luang Nang Non depois de uma partida de futebol no dia 23 de junho. Foram encontrados dez dias depois e as equipas de resgate lutam agora para os resgatar em segurança.

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