O Irão manifestou-se, esta quarta-feira, disponível para regressar "automaticamente" e respeitar integralmente o acordo sobre energia nuclear se a futura administração norte-americana de Joe Biden levantar as sanções contra Teerão.
Algumas coisas podem ser feitas automaticamente", disse o chefe da diplomacia iraniana Mohmmad Javad Zarif, numa entrevista publicada por um jornal governamental do Irão.
Os Estados Unidos podem respeitar os compromissos (...) e nós respeitaremos os nossos (..), não é preciso negociar nem impor condições", acrescentou Zarif.
Se os Estados Unidos respeitarem a resolução (2231 do Conselho de Segurança das Nações Unidas), sobre o levantamento das sanções e dos obstáculos às atividades económicas do Irão, o Irão, assim que for feito o anúncio, respeitará os seus compromissos", disse.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que é preciso uma mudança de atitude política sobre o Irão, ao contrário do que defende a atual administração de Donald Trump, que abandonou os tratados em 2018.
O regresso à política de sanções provocou uma violenta recessão económica no Irão que, em resposta, se afasta progressivamente dos compromissos alcançados em Viena, em 2015, sobre a produção de energia nuclear.
A publicação da entrevista a Zarif surge após uma notícia do jornal New York Times que revela que o ainda Presidente norte-americano, Donald Trump, terá perguntado, na quinta-feira passada, a conselheiros se seria possível lançar um ataque militar à principal instalação nuclear iraniana.
Trump queria nomeadamente iniciar uma ação de retaliação após o anúncio da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) de que o governo de Teerão procedeu ao aumento das suas reservas iranianas de urânio enriquecido, tendo atualmente 2.499 quilos, quando o limite máximo estipulado no acordo de não-proliferação nuclear era de 300 quilos.
Donald Trump terá sido dissuadido pelos responsáveis presentes na reunião.