Irão ultrapassou limite das reservas de urânio autorizado no acordo nuclear - TVI

Irão ultrapassou limite das reservas de urânio autorizado no acordo nuclear

  • SL
  • 1 jul 2019, 14:54
Irão - bandeira junto a plataforma petrolífera

Confirmação da ultrapassagem foi dada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, indicou, esta segunda-feira, que o Irão ultrapassou o limite imposto às suas reservas de urânio enriquecido pelo acordo nuclear internacional de 2015, segundo a agência semioficial Isna.

"De acordo com informações na minha posse, o Irão ultrapassou o limite de 300 quilogramas” de urânio pouco enriquecido, declarou Zarif à Isna.

Esta será a primeira vez que Teerão viola um dos seus compromissos em relação ao pacto.

Anunciámos (a ultrapassagem do limite) antes”, disse Zarif, adiantando que o Irão considera ter o direito de agir deste modo no quadro do acordo.

O porta-voz da Agência de Energia Atómica do Irão (AEAI), Behruz Kamalvandi, já tinha considerado que aquela decisão do Irão procurava “estabelecer um equilíbrio entre as obrigações e os direitos”.

Uma fonte diplomática em Viena, que não quis ser identificada, confirmou à agência France Presse que Teerão ultrapassou as reservas autorizadas de urânio enriquecido.

Houve uma ultrapassagem”, disse, sem precisar a que nível isso tinha acontecido.

O Irão anunciou a 17 de junho que ultrapassaria a partir de 27 do mesmo mês o limite de 300 quilogramas de reservas de urânio enriquecido a 3,67% determinado pelo acordo de Viena.

O acordo foi assinado entre o Irão e os 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China – mais a Alemanha). Teerão comprometeu-se a aceitar limitações e maior vigilância internacional do seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções internacionais.

Mas Washington retirou-se unilateralmente do pacto há um ano, restaurando sanções devastadoras para a economia iraniana. Os europeus, a China e a Rússia mantêm o seu compromisso, mas até agora não têm sido capazes de permitir que o Irão beneficie das vantagens económicas com que contava devido às sanções norte-americanas.

Um ano depois dos EUA terem anunciado a saída do acordo, no passado dia 08 de maio, Teerão anunciou que deixaria de respeitar dois dos seus compromissos no âmbito do pacto, renunciando a limitar as suas reservas de água pesada e de urânio enriquecido.

Adiantou que deixaria de respeitar as restrições sobre o grau de enriquecimento de urânio e retomaria o seu projeto de construção de um reator de água pesada em Arak (centro) se os signatários do acordo não conseguissem cumprir os seus compromissos no prazo de 60 dias, que terminam no próximo dia 7.

Agência da ONU confirma que Irão ultrapassou limite das reservas de urânio

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que verifica a aplicação por Teerão do acordo nuclear de 2015, confirmou, esta segunda-feira, que o Irão ultrapassou o limite imposto às suas reservas de urânio enriquecido, segundo um porta-voz do organismo.

A agência verificou a 1 de julho que as reservas totais de urânio enriquecido ultrapassaram os 300 quilogramas” e o diretor geral da AIEA, Yukiya Amano, informou o conselho dos governadores do organismo da ONU, indicou o porta-voz numa declaração escrita pouco depois de Teerão ter anunciado que havia excedido o limite fixado.

De acordo com informações na minha posse, o Irão ultrapassou o limite de 300 quilogramas” de urânio pouco enriquecido, declarou o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif à agência semioficial Isna.

Este anúncio, da que será a primeira violação do Irão do acordo de Viena, ocorre num contexto de grande tensão com os Estados Unidos, que faz temer um conflito armado na estratégica região do Golfo.

A crise entre os dois país atingiu o seu ponto mais alto a 20 de junho depois de o Irão ter abatido um avião não tripulado (‘drone’) norte-americano, que Teerão diz ter violado o seu espaço aéreo, o que é desmentido por Washington.

Nem a AIEA nem Zarif precisaram para já a que nível se situam neste momento as reservas de urânio iranianas.

O Irão anunciou a 17 de junho que ultrapassaria a partir de 27 do mesmo mês o limite das reservas e o ministro iraniano alertou hoje implicitamente que Teerão poderá não ficar por aqui.

“Anunciámos (a ultrapassagem do limite) com antecedência (…) e dissemos muito claramente o que faremos” a seguir, disse Zarif, adiantando que o Irão considera ter o direito de agir deste modo no quadro do acordo.

Em resposta à decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de retirar unilateralmente o seu país do acordo em maio de 2018 e de restabelecer sanções contra o Irão, Teerão anunciou a 8 de maio que não se sentia obrigado a continuar a respeitar dois dos seus compromissos no pacto, relativos aos limites das reservas de urânio pouco enriquecido (300 quilogramas) e de água pesada (130 toneladas).

Teerão ameaçou ainda deixar de respeitar a partir de 7 de julho as restrições sobre o grau de enriquecimento de urânio (limitado pelo acordo a um máximo de 3,67%) e retomar o seu projeto de construção de um reator de água pesada em Arak (centro), se os Estados ainda parte do pacto (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia) não o ajudarem a contornar as sanções dos EUA.

Concluído em julho de 2015 em Viena, o acordo determina que Teerão aceite limitações e maior vigilância internacional do seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções internacionais.

O regresso das sanções norte-americanas isola quase completamente o Irão do sistema internacional e fê-lo perder a quase totalidade dos compradores do seu petróleo, asfixiando a sua economia.

À saída de uma reunião de crise dos signatários do acordo na sexta-feira, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, considerou terem sido realizados “progressos” para ajudar o país a contornar o efeito do restabelecimento de sanções norte-americanas, mas disse que os esforços ainda são “insuficientes”.

Araghchi adiantou que nesse sentido o Irão iria continuar o seu processo de retirada gradual do acordo nuclear.

A decisão de reduzir os nossos compromissos foi tomada e continuaremos o processo até que as nossas exigências sejam atendidas”, sublinhou.

Continue a ler esta notícia