Madora, vila indiana de maioria muçulmana, no estado de Uttar Pradesh, no norte do país, saltou para a ribalta das atenções, quando o conselho dos homens mais velhos decidiu instituir uma regra, com multa, para que as mulheres não possam falar com telemóvel fora de casa.
Tudo porque os mais velhos da vila acham que os telefonemas encorajam as mulheres a fugir.
Todas as semanas há uma história de jovens fugindo com raparigas. Nalguns casos, essas fugas levam à violência. Por isso, numa reunião informal decidimos que elas só podem usar os telemóveis dentro de casa", sentenciou Mohammed Goffar ouvido pelo jornal The Hindu.
A decisão do conselho dos mais velhos, que não terá ouvido qualquer mulher, instituiu uma multa para quem quebrar as regras de 21 mil rupias, cerca de 300 euros.
Quero deixar claro que não retiramos os telemóveis às mulherrs. Só lhes estamos a dizer para os não usarem fora de casa", acrescentou o ancião.
"Não condicionar a liberdade"
Apesar das justificações para a decisão do conselho, o chefe da polícia local, Arun Kumar Singh, de seu nome, assegurou que a regra é “contra a constituição”.
Apoiamos as suas medidas contra atividades ilegais, mas não lhes permitiremos condicionar a liberdade das mulheres”, sustentou o chefe da polícia, citado pela agência France Press.
Apesar de não ter valor legal, a decisão dos mais velhos da vila de Madora assume um peso substantivo na vida social daquela comunidade indiana, até porque não é a primeira medida do género que restringe os direitos das mulheres no país.
Em dezembro passado, por exemplo, uma faculdade de Bombaim proibiu as raparigas de usar calças de ganga rasgadas.
Muitas outras universidades na Índia têm regras de recolher obrigatório para as raparigas. E até Manekha Gandhi, ministra das mulheres indianas, chegou a justificar a medida como uma forma de as proteger das suas “explosões hormonais”.