“Ciclone bomba”, a tempestade que está a congelar os Estados Unidos - TVI

“Ciclone bomba”, a tempestade que está a congelar os Estados Unidos

Além dos efeitos imediatos do temporal, as autoridades temem o rescaldo. Limpar a neve e o gelo das estradas de Nova Iorque e deixá-las transitáveis pode demorar dias

A tempestade a que os meteorologistas chamaram de “ciclone bomba” está a deixar a Costa Leste congelada e coberta de neve. Os efeitos sentem-se em larga escala em Boston, em Nova Iorque, mas estendem-se também à Florida, a mais de 2 mil quilómetros de distância.

Aeroportos paralisados, milhares de pessoas sem eletricidade e caos nas estradas são os principais problemas provocados pela tempestade de neve e pelos ventos fortes. O aeroporto JFK, um dos maiores do mundo, foi temporariamente encerrado por causa da neve, do gelo e do vento.

A polícia encerrou as estradas que conduzem ao aeroporto JFK, mas também ao La Guardia. Só esta quinta-feira, foram cancelados mais de 4 mil voos e espera-se que o cenário não seja melhor esta sexta-feira.

Os aeroportos de Newark, no Estado de Nova Jérsia, e o de Boston tiveram, pela sua parte, mais de 75% dos voos cancelados.

As autoridades receiam que situação se complique com nova descida da temperatura. O presidente de câmara de Nova Iorque, Bill de Blasio, diz que a sensação térmica é de 20 graus negativos e alerta que as noites de sexta-feira e sábado vão ser muito frias.

É uma tempestade muito, muito séria. Esperamos que as condições se agravem nos próximos dias, principalmente no que concerne ao frio”, disse de Blasio, em conferência de imprensa.

Teme-se que o pós-tempestade tenha efeitos ainda mais perversos que o próprio mau tempo. Há estradas em Nova Iorque intransitáveis, por causa da acumulação de neve. E podem ficar assim durante dias.  

Esta quinta-feira, havia turistas a fazerem batalhas de neve em Times Square e aventureiros a fazerem snwboard no Central Park, mas muitos habitantes da primeira cidade dos EUA decidiram trabalhar a partir de casa.

Raros transeuntes desafiavam o frio e o vento – cujas rajadas podiam atingir os 80 quilómetros por hora – para atravessar a pé a ponte de Brooklyn, enquanto os táxis rolavam extremamente devagar e os automobilistas se esforçavam para tirar a neve dos próprios veículos.

Há escolas fechadas, cercadas pela neve e ruas, edifícios e túneis do metro inundados. O frio é tanto, que, nas zonas ribeirinhas em que a água transbordou das margens, congelou e espalhou uma camada de gelo nas ruas.

Os ventos de mais de 120 quilómetros por hora arrancaram telhados. Em Long Island, um posto de abastecimento de combustível ficou sem cobertura.

O governador do estado de Nova Iorque, Andrew M. Cuomo, declarou o estado de emergência nas regiões de Westchester, New York City e Long Island.

As companhias de eletricidade trabalham em contra-relógio para restabelecer os serviços nos milhares de casas afetadas.

De acordo com o governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, dois homens morreram, quando a carrinha em que seguiam se despistou e caiu num rio gelado.

O que é o “ciclone bomba”?

Mas afinal que tempestade é esta que está a congelar a Costa Leste dos Estados Unidos? Tempestades como esta acontecem quando a pressão barométrica de um ciclone, uma região associada ao mau tempo em que o ar quente sobe e condensa sob a forma de nuvens e chuva, desce pelo menos 24 milibares em 24 horas. Quanto mais baixa for essa diferença de pressão atmosférica e mais depressa ela diminuir, mais forte será a tempestade.

No caso da tempestade que assola os Estados Unidos, a pressão atmosférica do ciclone sofreu uma queda de mais de 4o milibares em apenas um dia. Trata-se de um dos maiores decréscimos algumas vez registados em ciclones na região.

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