"O meu pai bateu na minha mãe. Levam-me para a Alemanha?" - TVI

"O meu pai bateu na minha mãe. Levam-me para a Alemanha?"

Jonas, de apenas seis anos, conseguiu fugir da caverna onde o pai matou a mãe e o irmão. Caminhou ao longo de quatro quilómetros até que uma senhora o encontrou. Em declarações à polícia, a criança explicou que o pai os tinha levado ali porque tinha presentes da Páscoa escondidos

O caso está a chocar Espanha. Thomas Handrick, um alemão de 43 anos, matou violentamente a mulher, de 39 anos, e o filho mais velho depois de os atrair para uma caverna na floresta de Adeje, em Tenerife, com a desculpa de uma caça aos ovos da Páscoa.

Segundo conta o jornal La Provincia, Thomas Handrick e a mulher, Silvia, estavam a separar-se, mas os filhos não sabiam. Por isso, Silvia viajou da Alemanha para Tenerife, a 22 de abril, para passarem as férias da Páscoa em família. 

No dia seguinte, Thomas levou a família a dar uma caminhada e acabou por levá-los até uma caverna com a desculpa de que tinha presentes da Páscoa ali escondidos. E foi aí que tudo aconteceu.

De acordo com o testemunho de Jonas, o filho mais novo, ao entrarem na caverna, o pai bateu na mãe e esta caiu no chão. Ao ver a agressão, o filho mais velho atirou-se ao pai, que o derrubou com um pontapé. A mãe tentou levantar-se e o pai voltou a agredi-la. E Jonas conseguiu fugir.

Ao longo de quatro quilómetros, o menino, de apenas seis anos, correu até encontrar ajuda. Assim que encontrou uma mulher - Rosi - tentou pedir-lhe ajuda, mas esta não compreendia alemão. Foi com a ajuda de uma vizinha holandesa - Annelies - que ouviu o pedido da criança: "O meu pai bateu na minha mãe. Levam-me para a Alemanha?"

Perante o relato de Jonas, Rosi e Annelies, moradoras de Adeje, uma localidade em Tenerife, levam o menino de imediato para a sede da polícia local. De acordo com as autoridades locais, quando chegou à esquadra, o menino estava muito assustado e emocionado. 

Os corpos de Silvia e Jakob, de dez anos, viriam a ser encontrados por um vizinho, no dia seguinte.

Enquanto as buscas decorriam, as autoridades tentavam encontrar Thomas Handrick. 

Segundo o jornal El Confidencial, depois de conseguirem que Jonas falasse com uma psicóloga, o menino, apesar da sua curta idade, acabou por fornecer informações importantes para que a polícia chegasse ao paradeiro do pai. 

“Ao entrar na caverna, o meu pai deu uma chapada à minha mãe e ela caiu no chão. Então, o meu irmão atirou-se ao meu pai para evitar que lhe batesse mais. O meu pai deu-lhe um pontapé para o afastar e, enquanto a minha mãe se levantava do chão, voltou a bater-lhe”, disse o menino à psicóloga, que lhe acabaria por perguntar como tinham chegado à floresta.

A criança acabou por revelar que o pai os levou para o monte de carro e, apesar de não se lembrar da marca ou de como era o veículo, a sua resposta foi fundamental.

"Era um carro novo", disse Jonas.

Perante esta declaração, as autoridades contactaram as empresas de aluguer automóvel e descobriram que Thomas tinha alugado um carro no aeroporto Rainha Sofia e, em poucos minutos, descobriram a sua morada. Quando chegaram ao local, encontraram-no a dormir no sofá, com arranhões na cara e nos braços.

Quando questionado onde se encontrava a mulher e os filhos, Thomas assumiu uma postura quase violenta e disse que não sabia, que tinham ido dar um passeio, mas que regressou a casa porque se sentiu cansado enquanto Silvia e os meninos continuaram o passeio. 

Foi detido de imediato.

Sem que Thomas assumisse o crime, as autoridades acabaram por ter de recorrer a todas as opções para conseguirem encontrar Silvia e Jakob na floresta de Adeje. Vários helicópteros sobrevoaram o local, enquanto patrulhas, algumas acompanhadas por unidades caninas, batiam a floresta a pé.

A polícia recorreu, inclusive, à geolocalização do telemóvel de Jakob mas, apesar de não mudar de lugar há várias horas, estava num lugar indeterminado nos montes de Adeje.

Acabaria por ser um vizinho voluntário, conhecedor da zona, que passeava com o cão a encontrar, na quarta-feira, os corpos da mãe e do filho dentro de uma caverna. Segundo fontes próximas do caso, os corpos não estavam muito afastados do caminho por onde o homem passou.

Thomas Handrick, de 43 anos e cozinheiro na ilha de Tenerife, é o principal suspeito. Desde que foi detido que se recusa a prestar declarações. Ficou em prisão preventiva, sem caução, suspeito de duplo homicídio da mulher e do filho mais velho e de tentativa de homicídio do filho mais novo.

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