Médica perde custódia da filha devido à pandemia de Covid-19 - TVI

Médica perde custódia da filha devido à pandemia de Covid-19

  • Sofia Santana
  • 15 abr 2020, 13:29
Theresa Greene

Tribunal norte-americano decretou que a criança devia apenas ficar com o pai para limitar o risco de exposição ao novo coronavírus. A médica fala em discriminação

Um médica norte-americana perdeu a custódia da filha, de quatro anos, por estar a trabalhar nas urgências de um hospital de Miami durante a pandemia de Covid-19.

A história foi contada na primeira pessoa por Theresa Greene à CNN. A médica, que vai recorrer desta decisão, afirmou que a ordem do tribunal é “injusta e cruel”.

Penso que não é justo. É cruel pedirem-me para escolher entre a minha criança e o juramento que fiz. Não vou abandonar a minha equipa de trabalho ou os doentes que cada vez mais vão precisar de mim nas próximas semanas, mas isto é uma tortura.”

Greene contou que ela e o ex-marido estão divorciados há cerca de dois anos e que, desde então, têm partilhado a guarda da filha.

Mas na semana passada, o juiz Bernard Shapiro decretou, numa decisão que tem um caráter temporário, que a criança devia apenas ficar com o pai, Eric Green, para limitar o risco de exposição ao novo coronavírus.

O Tribunal não toma esta decisão de forma leviana, mas tendo em conta a pandemia na Flórida e o recente aumento de casos de Covid-19, o Tribunal acredita que esta decisão é a que melhor protege os interesses e a saúde da criança”, escreveu o juiz.

Theresa Green considera que está a ser alvo de discriminação porque se fosse casada poderia voltar para casa e para junto da sua filha.

A profissional de saúde assegurou que tem usado todo o material de proteção no tratamento dos doentes e que tem feito tudo o que está ao seu alcance para não ser infetada.

Sim é grave e é perigoso, mas estamos a tomar todos os cuidados. Nós usamos tudo o que podemos. Uso todo o equipamento para me proteger a mim e à minha criança.”

Contactado pela CNN, o advogado de Eric Green disse que o pai da criança “reconhece os sacrifícios” da médica e de todos os profissionais de saúde que estão na linha da frente, no combate à pandemia, mas que esta decisão é a que “melhor serve os interesses e a segurança da criança, perante as circunstâncias apresentadas pela Covid-19”.

A médica diz que a menina não entende o que se passa, mas que sabe que a mãe está triste. Theresa Greene não sabe quando poderá voltar a ver a filha porque não se sabe quando haverá uma cura para o vírus.

Os Estados Unidos são o país mais afetado pela pandemia de Covid, que começou na China, no final de dezembro. O território norte-americano já contabiliza mais de 25.000 mortos.

Continue a ler esta notícia