A primeira-ministra britânica não conseguiu que o parlamento britânico apoia-se o segundo acordo, delineado na noite de segunda-feira com a Comissão Europeia. Numa votação menos renhida que o previsto, esta terça-feira, 391 deputados britânicos votaram contra o acordo e 242 a favor.
Esta derrota é a quarta maior de um governo britânico na casa dos comuns, ultrapassada apenas pelas votações ao Caso Campbell, ambas em outubro de 1924. A votação da primeira proposta do acordo foi rejeitado por uma diferença de 202 votos, a maior de sempre.
Um resultado que era previsto pelos analistas britânicos. Um dos deputados do DUP, partido que apoia o governo de Theresa May, terá mesmo afirmado que "ela vai cair em grande".
DUP MPs have now voted in the No lobby. One MP who has just left says "she is going down big".
— Christopher Hope (@christopherhope) 12 de março de 2019
Os resultados da votação deixam no ar uma incógnita, Jean-Claude Juncker garantiu, na última noite, que "não será dada uma terceira oportunidade".
Segue-se agora a votação de uma emenda, anunciada por May em fevereiro, que antevê a possibilidade de uma saída sem acordo. Se o documento for aprovado o Reino Unido deixa a União Europeia (UE) a 29 de março sem qualquer acordo, dando-se assim o chamado "hard Brexit", o Brexit duro.
Em cima da mesa está ainda a possibilidade de um pedido para a extensão da saída do país da UE, a ser votado no dia 14 de março. Esta votação apenas decorrerá se a segunda emenda for chumbada, ou seja, se os deputados decidirem que a saída deverá ser feita com um acordo firmado entre Londres e Bruxelas.
O impasse entre os deputados britânicos dura desde junho de 2016, data da realização do referendo. O primeiro acordo foi aprovado pelos 27, mas os deputados britânicos rejeitaram-no, numa votação histórica.
UE lamenta chumbo do Acordo
A União Europeia ficou dececionada com o chumbo do Acordo de Saída do ‘Brexit’ no parlamento britânico, mas revelou que os 27 estão disponíveis a considerar um adiamento da saída do Reino Unido, consoante os motivos evocados por Londres.
Lamentamos o desfecho da votação de hoje e estamos dececionados por o Governo britânico não ter conseguido assegurar a maioria necessária para aprovar o Acordo de Saída firmado entre as partes em novembro”, pode ler-se num comunicado veiculado, quer pela Comissão Europeia, quer pelo Conselho Europeu, minutos após o novo chumbo do texto na Câmara dos Comuns.
Na nota, a que a Agência Lusa teve acesso, a UE vinca que fez “tudo o que podia para ajudar a primeira-ministra a garantir que o Acordo – que ela negociou e firmou com a UE – fosse ratificado”.
Dadas as garantias adicionais proporcionadas pela UE em dezembro, em janeiro e ontem, não há mais que possamos fazer. Se há uma solução para este impasse, esta terá de ser encontrada em Londres”, defendem a Comissão Europeia e o Conselho Europeu.