Ramos-Horta: conclusões da ONU são «uma mentira» - TVI

Ramos-Horta: conclusões da ONU são «uma mentira»

Ramos-Horta à chegada a Timor

Relatório refuta declarações do Presidente da República de Timor-Leste sobre o 11 de Fevereiro

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O Presidente da República de Timor-Leste acusou este sábado as Nações Unidas de «mentir» num relatório confidencial a que a Agência Lusa teve acesso e que refuta declarações do chefe de Estado sobre o 11 de Fevereiro.

O relatório confidencial sobre a resposta das forças internacionais aos ataques de Fevereiro em Díli refuta várias acusações feitas pelo próprio José Ramos-Horta e por assessores e familiares seus.

Uma das conclusões do painel de investigadores da ONU revelada pela Lusa é que a captura dos criminosos não foi uma prioridade das autoridades timorenses após o duplo ataque contra o Presidente e o primeiro-ministro. «É uma mentira», declarou este sábado José Ramos-Horta numa entrevista à Lusa na sua residência em Metiaut, a leste de Díli.

Ramos-Horta «furioso»

Na sequência da divulgação do relatório pela Lusa, o Presidente da República telefonou sexta-feira de manhã, «furioso», ao representante-especial do secretário-geral da ONU em Timor-Leste, Atul Khare, afirmaram à Lusa fontes da Presidência da República e da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT). José Ramos-Horta não tinha conhecimento das conclusões do relatório interno, que foi mantido na maior confidencialidade pela UNMIT.

Questionado pela Lusa sobre se ficou furioso com as conclusões do relatório ou por não ter conhecimento prévio do documento, José Ramos-Horta respondeu que «[com] as duas coisas». «A ONU tem prática muito negativa de fugas de informação», explicou o chefe de Estado. «Conversas que tínhamos com [o chefe da missão anterior da ONU] Hasegawa passavam para a imprensa», recordou José Ramos-Horta.

«ONU esquiva-se às suas responsabilidades»

«Estou desapontado também porque [o relatório] revela a tendência de funcionários da ONU de esquivarem-se das suas responsabilidades e de nunca aceitarem que agiram incorrectamente», acusou o Presidente da República.

«É uma mentira dizer que a liderança timorense é que decidiu que perseguir os criminosos não era prioridade», acusou Ramos-Horta. «[Quando] há um incidente contra o chefe de Estado, as forças de segurança desdobram-se em acções. Mesmo que fosse verdade, que o Governo dissesse que a prioridade não é essa, uma força de segurança não concentra todos os meios numa operação», acrescentou José Ramos-Horta.

O chefe de Estado recordou que a Polícia das Nações Unidas (UNPol), integrada na UNMIT, tem mais de mil agentes policiais e quatro unidades de polícia de intervenção, além dos cerca de mil soldados das Forças de Estabilização Internacionais (ISF, sob comando australiano).

José Ramos-Horta mantém a acusação de que as forças internacionais «não fizeram tudo o que podia ser feito» para perseguir o grupo que incluía o ex-polícia Amaro da Costa, ou Kaer Susar.

«Custava-lhes subir aqui as montanhas? O senhor Susar e os seus homens estavam ali em cima, durante horas. Só saíram daqui às 16h00. E eles estavam aflitíssimos com medo que helicópteros viessem», declarou José Ramos-Horta.

«O Governo no dia 11 de Fevereiro não fez decisões imediatas. Só tomou a decisão de estabelecer o Comando Conjunto precisamente porque viu a inoperância das Nações Unidas», acusou também o chefe de Estado.

O Comando Conjunto juntou militares e polícias timorenses na operação «Halibur» de captura do ex-tenente Gastão Salsinha e de homens como Kaer Susar. O primeiro-ministro «Xanana Gusmão chamou a si a liderança da situação, para capturar os responsáveis, quando viu que, da parte da UNPol e ISF, não havia um plano», disse também José Ramos-Horta na entrevista à Lusa.

«Vê-se que o relatório é desonesto. É para sacudir a água do capote», concluiu o Presidente da República. «Como os patos». O documento confidencial estabelece que a resposta das forças internacionais foi «dentro das normas».
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