Trabalhos de casa: sim ou não? O “não” ganhou por maioria absoluta numa escola primária escocesa. O assunto foi a votos e 80% dos alunos e 60% dos pais disseram que era melhor abolir os trabalhos de casa, os chamados "TPC". Uma decisão tomada democraticamente por professores, estudantes e encarregados de educação, sem precisar de recorrer à greve, como em Espanha.
A decisão foi possível graças à autonomia administrativa de que goza o estabelecimento de Fort William, permitindo que professores, população estudantil e encarregados de educação tomem as decisões que considerem mais ajustadas para aquele universo. E assim foi. Na escola básica de Inverlochy, em Fort William, no Reino Unido, os 175 alunos já não têm de fazer trabalhos em casa. Em vez disso, os professores preferem que eles leiam, inclusive banda desenhada. Ou, simplesmente, que aproveitem o tempo para brincar.
Conheça a escola primária de Inverlochy:
Falta de tempo para brincar era, aliás, uma das reclamações dos pais e das crianças. Com o desporto e as atividades de tempos livres, os TPC eram relegados para o fim do dia, às vezes antes de deitar.
Esta opção pela abolição dos trabalhos de casa foi tomada após uma experiência levada a cabo no ano passado naquela escola. Durante seis semanas, as crianças não levaram trabalhos para casa. Seguiu-se, depois, o inquérito aos pais.
Professores divididos
Mas, se a decisão de acabar com os TPC teve um resultado indiscutível junto de pais e alunos, já os dez professores da primária de Inverlochy, ficaram divididos quanto ao assunto, segundo o Independent.
A BBC foi ouvir a executivo local, responsável pela política de educação, e a federação de professores sobre o exemplo da primária de Inverlochy.
Um porta-voz da autarquia de Highland fez questão de frisar que esta é uma opção daquela escola e não generalizada a todos os estabelecimentos de ensino da região.
“A autarquia de Highland não adota uma política de ‘não aos trabalhos de casa’. Esta é experiência que está a ser desenvolvida apenas pela Escola Primária de Inverlochy”.
A federação escocesa de professores, com a sigla EIS, lembrou que a discussão é antiga e que “é importante que os estudantes adquiram métodos de estudo independente”, ressalvando, no entanto, que “os trabalhos de casa não são o único método que existe”, pelo que cada caso é um caso, não se opondo a que pais e professores, em conjunto, decidam o que é melhor.
O que pensam os pais em Portugal
Em Portugal, as associações de pais, a pretexto da greve em Espanha, manifestaram a sua reserva em relação aos trabalhos de casa. A falta de tempo das crianças para brincarem, a sobrecarga letiva e até a discriminação que os TPC podem provocar (entre os alunos que recebem ajuda em casa e os que não têm esse apoio), foram algumas das razões apontadas em detrimento desta prática antiga.