Esta empresa só contrata pessoas com autismo - TVI

Esta empresa só contrata pessoas com autismo

  • MC
  • 4 jan 2019, 18:36
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Ideia foi criada pelo norte-americano Gray Benoist, o diretor da Auticon, pai de dois filhos com autismo

Uma empresa norte-americana de consultoria em tecnologia da informação e comunicação só contrata pessoas autistas. O objetivo é contrariar a falta de oportunidades de trabalho adequadas para pessoas diagnosticadas com a doença. A ideia partiu do diretor da empresa, cujos dois filhos são autistas.

A nossa missão é dar poder a um grupo de pessoas que não têm acesso aos mesmos direitos que nós. Há muitos segmentos da sociedade que são subaproveitados e os autistas são um deles”, afirmou o diretor, Gray Benoist, citado pela BBC.

A Auticon foi criada em 2013 e está localizada em Santa Mónica, na Califórnia. Benoist tinha a consciência de que as oportunidades de trabalho oferecidas a pessoas autistas eram escassas. Dessa forma, quis marcar a diferença e, por isso, gere diariamente uma empresa que privilegia trabalhadores com a doença.

Senti que havia uma grande lacuna e a única opção era ser eu a preenchâ-la”, afirmou.

Um dos filhos de Gray trabalha atualmente na empresa como técnico de finanças. Além do filho, existem muitos outros trabalhadores que se sentem cada vez mais valorizados no ambiente corporativo.

Os dois são muito capazes e inteligentes. Merecem uma oportunidade de mostrar isso”, afirmou Benoist sobre o trabalho dos filhos.

 

Outros empregados da empresa como Peter, Evan e Brian descrevem o ambiente de trabalho como “calmo, mas divertido”. Destacam ainda a compreensão dos colegas. Estes três trabalhadores testam softwares e resolvem problemas informáticos.

Lidar com o autismo

A Federação Portuguesa do Autismo define a doença como um transtorno de desenvolvimento que provoca afastamentos sociais, comportamentos repetitivos e restritos, e, por vezes, uma relação obsessiva com certos objetos.

De acordo com a BBC, Evan já tinha trabalhado em outros escritórios, onde “ficava sozinho a comer e a ouvir podcasts durante a hora de almoço.”

As pessoas costumam contratar pessoas que sejam parecidas com elas e os autistas não o são”, explica Steve Silberman, autor de Neurotribes, um livro que conta a evolução do autismo.

Para contrariar as diferenças, na Auticon não existem pressões. Se um funcionário quer utilizar fones pode fazê-lo. Se preferir trabalhar numa sala escura ou se não quiser almoçar isso também é permitido. Os funcionários podem comunicar uns com os outros através de mensagens e se ficarem demasiado ansiosos por alguma situação é-lhes ainda “permitido tirar dias de folga”.

A sensibilidade com os problemas dos nossos empregados é a nossa prioridade, mas isso requer todo um processo para que a empresa possa trabalhar com qualidade para os seus clientes. Isto requer planeamento nos projetos e organização de recursos”, afirmou o diretor.

Além da Auticon, também a SAP, uma empresa alemã de softwares, oferece trabalho a pessoas com autismo e, em vez de avaliá-las através de uma entrevista formal, pede aos candidatos que construam robôs em lego. A SAP explica que não contrata autistas como forma de “caridade, mas sim porque é bom para a empresa.”

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