Refugiados: dispara o número de inscritos para aulas de natação na Jordânia - TVI

Refugiados: dispara o número de inscritos para aulas de natação na Jordânia

Refugiados vindos da Turquia desembarcam no porto de Piraeus, na Grécia (EPA / ALEXANDROS VLACHOS)

Aumento súbito do número de inscritos intrigou proprietários de centros desportivos, que foram mantendo os estabelecimentos abertos, apesar da época. Muitos são refugiados que estão a preparar-se para atravessar o Mediterrâneo

Apesar de estarmos nos meses de inverno, o número de alunos a inscreverem-se em aulas de natação na Jordânia não para de aumentar. Este súbito interesse na modalidade intrigou proprietários de centros desportivos, que foram mantendo os estabelecimentos abertos, apesar da época. Porém, não foi difícil descobrir a real motivação por detrás deste aumento.

Al-Madar al-Youm, opositor do governo e correspondente do site Syrian Observer, escreve que o crescimento da procura acontece porque há cada vez mais pessoas que querem partir para a Europa. Como a rota passa pelo Mediterrâneo, muitos estão a precaver-se, para a eventualidade de algo correr mal.

Foi "Sharif", proprietário de um destes recintos desportivos, quem explicou a Madar al-Youm, após conversas com alguns dos participantes nas suas aulas.

Normalmente fechamos a piscina durante o inverno, mas considerando que temos muitas inscrições para as aulas de natação, e que a maioria são refugiados Sírios, decidimos manter as aulas abertas", disse Sharif a Al-Madar al-Youm.

Como escreve o Independent, um outro proprietário afirmou que há famílias inteiras a inscrever-se para as aulas, onde as mães levam as filhas num período e os pais levam os filhos noutro, para aulas separadas. Também foram vistas algumas pessoas idosas a aprender. 

Um jovem refugiado chamado Mohammed explicou que tem consciência que no caso de um barco se afundar, saber nadar não será o suficiente para se salvar, mas tem razões que o fazem arriscar.

Nunca pensei que um dia tivesse que colocar a minha própria vida em perigo, mas há duas razões que me encorajam a fazê-lo: primeiro, há muitos sobreviventes, e segundo, a vida que tenho agora é como estar morto, porque não tenho futuro

Estima-se que em 2015 mais de 300 mil pessoas arriscaram fazer a travessia com traficantes, dependentes do bom tempo e de embarcações impróprias, para chegar às praias turcas  gregas.

Desde 2014, pelo menos seis mil pessoas morreram durante a travessia e só este ano já morreram mais de 400.

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