Valas comuns de bebés descobertas em orfanato católico na Irlanda - TVI

Valas comuns de bebés descobertas em orfanato católico na Irlanda

  • Paulo Delgado
  • 3 mar 2017, 18:44
Orfanato Bons Secours - Tuam (Irlanda)

Escavações desenterraram restos humanos. Suspeita-se que 800 crianças tenham morrido e sido enterradas na instituição dirigida por freiras católicas que acolhia mães solteiras

As piores suspeitas confirmaram-se. Investigadores do governo irlandês desenterraram, esta sexta-feira, um passado macabro em valas comuns existentes em 20 caves na instituição "Bon Secours", localizada em Tuam, na República da Irlanda, e destinada a mães solteiras e suas crianças.

Desde o ano passado que uma comissão do governo irlandês foi criada para averiguar suspeitas de mortes de, pelo menos, 800 crianças na instituição para mães solteiras, que funcionou entre 1925 e 1961.

Em outubro passado, começaram as escavações. Descobriram-se esta sexta-feira "quantidades significativas" de restos humanos em, pelo menos, "17 de 20 caves que foram esquadrinhadas desde o início do ano".

Os restos mortais são de seres humanos que morreram com idades entre as 35 semanas fetais e os dois a três anos", sublinhou uma fonte da comissão governamental irlandesa, citada pelo jornal The Guardian, com base em análises de ADN já realizadas.

Morria uma criança de 15 em 15 dias

O orfanato de Tuam era uma de dez instituições na Irlanda que, no século passado, acolheram cerca de 35 mil mulheres grávidas, solteiras, entre o final das duas grandes guerras.

A estimativa dos investigadores governamentais irlandeses é a de que, no Bon Secours, morreu uma criança em cada duas semanas.

A investigação começou após uma historiadora residente na zona, Catherine Corless, ter descoberto registos de 800 crianças residentes no orfanato e apenas duas certidões de óbito, no mesmo período de tempo. Acresce que, na passada década de 70, alguns rapazes que jogavam futebol nos jardins do orfanato ter-lhe-ão contado a descoberta de uma pilha de ossos numa cave.

Tudo indicava que havia ali uma enorme vala comum"  contou a historiadora ao jornal The Guardian, suspeitando-se que a instituição de freiras católicas, enquanto funcionou, adotaria o que era prática comum em instituições semelhantes: recebia mães grávidas, prestes a dar à luz, que eram depois separadas dos filhos, os quais esperariam até serem adoptados.

A comissária irlandesa para as crianças, Katherine Zappone, afirmou já que a descoberta é "triste e perturbadora" e prometeu que as famílias das crianças serão ouvidas, de forma a providenciar funerais apropriados e outros cerimoniais.

Honraremos as suas memórias e iremos asegurar as medidas apropriadas para tratar dos seus restos mortais", salientou a comissária.

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