Moradores contra turistas: uma "luta" que cresce na Europa - TVI

Moradores contra turistas: uma "luta" que cresce na Europa

  • Sofia Santana
  • 10 ago 2017, 13:10

Nos últimos meses, os movimentos anti-turistas têm-se espalhado por várias cidades europeias. O setor reconhece que o problema é "sério" e que é necessário que as autoridades locais assegurem um crescimento da atividade de forma sustentável

Primeiro foi Barcelona, em Espanha, e Veneza, em Itália. Agora, é San Sebastian, também em Espanha, e Dubrovnik, na Croácia. Nos últimos meses, os movimentos anti-turistas têm-se espalhado por várias cidades da Europa. O setor reconhece que o problema é "sério" e que é necessário que as autoridades locais assegurem um crescimento da atividade de forma sustentável.

O crescimento do alojamento local à boleia de empresas como o Airbnb, o aumento das rendas, o impacto da poluição. Todos estes fatores têm contribuído para um fenómeno que, não sendo novo, tem tomado grandes proporções em várias cidades europeias neste Verão: a escalada de tensões contra a atividade turística.

O problema tem tido uma grande visibilidade em Espanha, onde só no ano passado foram registados cerca de 75,6 milhões de turistas.

Nos últimos anos, Barcelona foi o palco principal dos movimentos contra turistas, mas agora, há mais regiões do país a juntarem-se aos protestos, como a ilha de Maiorca, Oviedo e San Sebastián.

Em San Sebastián está agendada uma grande marcha contra o turismo para o dia 17 de agosto. Uma iniciativa que vai coincidir com a “Semana Grande”, uma festa típica da cultura basca.

Mas Espanha não é caso único. As críticas ao impacto do turismo têm-se multiplicado em Itália, com Veneza, Roma e Milão em grande plano, e na Croácia, sobretudo em Dubrovnik, cidade classificada pela UNESCO, que foi catapultada para a fama por ser um dos cenários do fenómeno televisivo Game of Thrones.

No mês passado, em Veneza, que recebe cerca de 20 milhões de turistas por ano, milhares de habitantes marcharam pela cidade com cartazes e vozes de protesto. Entre as principais queixas estavam o aumento das rendas e o impacto da poluição.

A Organização Mundial do Turismo (UNWTO, na sigla em inglês) reconhece que este sentimento anti-turistas é uma situação “séria”, que tem de ser lidada de forma “séria” pelas autoridades locais.

O secretário-geral da organização, Taleb Rifai, defendeu, em declarações ao The Guardian, que a solução não deverá ser a imposição de um travão ao setor, mas antes a incrementação de políticas que o tornem sustentável e um “aliado“ das comunidades.

Para isso, a UNWTO recomenda a diversificação dos destinos turísticos e das suas atividades, a redução da sazonalidade e a privilegiar as necessidades dos habitantes. 

E a verdade é que muitas cidades já começaram a agir: Barcelona começou uma "caça" contra os estabelecimentos de alojamento local sem licença, intensificando a fiscalização; Roma proibiu as pessoas de beber nas ruas durante a noite; Milão baniu as carrinhas de comida de rua e os selfie-sticks; Dubrovnik introduziu câmaras de vigilância junto ao porto para monitorizar o número de visitantes na cidade.

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