Exército turco diz ter entrado na Síria para atacar mílicia curda - TVI

Exército turco diz ter entrado na Síria para atacar mílicia curda

  • Atualizada às 12:45
  • 21 jan 2018, 10:33
Ofensiva do exército turco em Afrine, na Síria

Alvo da ofensiva são os elementos da milícia das Unidades de Proteção Popular, que os turcos consideram o braço armado do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão. Oposição nega avanço dos turcos no terreno

Os soldados turcos entraram este domingo na região de Afrine, no noroeste da Síria, no segundo dia de uma vasta ofensiva da Turquia contra uma milícia curda considerada “terrorista” por Ancara, afirmou o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim.

Citado pela agência de notícias Dogan, Yildirim declarou que os militares turcos entraram em território sírio às 11:05 horas (08:05 horas em Lisboa) na região de Afrine, controlada pelas Unidades de Proteção Popular (YPG), desde a fronteira com a cidade de Gülbaba, situada na província de Kilis.

De acordo com a agência estatal de notícias Anadolu, os soldados turcos estão a avançar na região de Afrine em companhia de combatentes sírios pró-Ancara.

A operação ‘Ramo de Oliveira’ está a decorrer como planeado, a ofensiva terrestre começou", afirmou o exército turco em um comunicado.

Yildirim disse que o objetivo da operação é estabelecer uma "zona de segurança" com 30 quilómetros a partir da fronteira turca.

A Turquia acusa o YPG de ser o braço sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), uma organização considerada "terrorista" de Ancara e os seus aliados ocidentais.

O YPG é também a espinha dorsal das Forças Democráticas da Síria (FDS), uma aliança de combatentes curdos e árabes apoiados pelos Estados Unidos para combater o grupo extremista Estado Islâmico no norte da Síria. O YPG também tem boas relações com os russos.

Síria pede condenação

Por seu lado, o Governo sírio instou entretanto a comunidade internacional a travar “de imediato” a ofensiva da Turquia contra a região de Afrine, informou a agência oficial de notícias Sana.

A Síria pede à comunidade internacional que condene esta agressão turca e adote medidas para detê-la de imediato”, disse uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio à agência estatal.

A fonte ministerial síria expressou que o Executivo sírio condena “a agressão brutal turca conta a cidade de Afrine, que é uma parte que não se pode separar do território sírio”, insistindo que é um ataque à soberania da Síria e negou que o Governo turco tenha informado de antemão o início desta operação.

FDS nega avanço

As Forças Democráticas da Síria (FDS), uma aliança liderada por milícias curdas e apoiada pelos Estados Unidos, negaram entretanto que os soldados turcos tenham entrado em Afrine, no noroeste da Síria, como anunciaram as autoridades turcas.

O diretor do Gabinete de Informação do FDS, Mustafa Bali, disse à agência de notícias EFE que há tentativas das tropas turcas de entrar em Afrine, localizada no noroeste da província de Aleppo, mas que estão a ser repelidas pelas milícias curdas e os seus aliados, que controlam esse enclave.

As FDS reagiram ao anúncio feito pelo primeiro-ministro da Turquia, Binali Yildirim, que afirmou que os primeiros soldados turcos haviam entrado em Afrine, de acordo com a rede de televisão turca NTV.

Mustafa Bali observou que "há tentativas do exército turco e da Frente al-Nusra (grupo que se dissociou da Al-Qaida) de entrar em Afrine a partir de Yindiris (no sul da região), mas as FDS têm travando o ataque, embora a luta continue".

A fonte acrescentou que, nas últimas horas, as tropas turcas também tentaram entrar em Afrine pelo norte, através da área de Bilbile, mas assegurou que também foram repelidos pelas FDS.

Não houve avanço das forças turcas", sublinhou Bali.

Sábado, a Turquia lançou uma ofensiva contra Afrine, que começou com bombardeamentos de artilharia e da aviação, e que, segundo as autoridades turcas, continuaram hoje com o início de uma incursão terrestre.

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