Julgamento sobre Erdoğan adiado porque juiz não viu Senhor dos Anéis - TVI

Julgamento sobre Erdoğan adiado porque juiz não viu Senhor dos Anéis

Gollum

Médico que perdeu o emprego por comparar o presidente da Turquia à personagem de "Senhor dos Anéis", só vai ser julgado em fevereiro, porque o juiz não viu a saga completa

O julgamento de um médico que comparou Recep Erdoğan, o Presidente da Turquia, à personagem Gollum, de “Senhor dos Anéis”, foi adiado, porque o juiz ainda não tinha visto o filme. O tribunal exigiu que uma equipa de especialistas examinasse a longa-metragem para perceber se a comparação se trata de um insulto.

Em outubro de 2015, o médico Bilgin Çiftçi foi despedido do Instituto de Saúde Pública da Turquia, depois de ter partilhado este meme, no Twitter:

 

Na publicação, Bilgin Çiftçi colocou o presidente lado a lado com Gollum, uma personagem de “Senhor dos Anéis”, que considerou partilhar algumas semelhanças e expressões faciais com Erdoğan.

Depois da última sessão em tribunal, esta terça-feira, o juiz pediu que o julgamento fosse adiado para fevereiro de 2016, porque afirmou não conhecer toda a saga. Exigiu ainda que um grupo de especialistas, composto por dois académicos, dois cientistas ou psicólogos do comportamento e um especialista em cinema e produções televisivas, analisasse o filme, para que fosse apurado se se trata de uma ofensa.

Se for comprovado que a intenção do médico era denegrir a imagem do presidente, o réu pode enfrentar até dois anos de prisão, de acordo com o jornal turco Today's Zaman.

Bilgin Çiftçi defendeu-se em tribunal, alegando que Gollum não é uma má personagem.

Segundo o The Guardian, alguns utilizadores das redes sociais estão a aproveitar a deixa do médico para criticar a incapacidade de Erdoğan para aceitar críticas, apelidando-o de “Precious” – a palavra mais utilizada por Gollum.

A Turquia tem sido criticada pela falta de liberdade de expressão. O Presidente tem perseguido os jornalistas, alegando serem responsáveis por “propaganda terrorista”, assumiu o controlo do canal de televisão que se opõe ao regime e já baniu o Twitter do país, em março do ano passado, e voltou a tentar fazê-lo, quando o tribunal constitucional o reativou, por considerar o ato um atentado à liberdade de expressão.
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