As eleições nas Honduras, realizadas este domingo, e que deram a vitória a Porfirio Lobo, marcaram a jornada de trabalhos da XIX Cimeiro Ibero-Americana, com uma parte das delegações a apoiar a nova liderança do país e outra a rejeitar a legitimidade do escrutínio, refere a Lusa.
O Brasil, pela voz de Lula da Silva, ainda antes do início dos trabalhos da Cimeira anunciou que não vê motivo para alterar a sua posição de não reconhecimento das eleições nas Honduras, que a sua homóloga argentina, Cristina Kirshner, considerou «um simulacro».
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Equador, Nicarágua, Uruguai, México, Venezuela e Cuba acompanharam Brasil na denúncia das presidenciais nas Honduras, realizadas cinco meses depois de um golpe de estado que depôs o Presidente eleito, Manuel Zelaya.
Por seu lado, Colômbia, Peru, Panamá e Costa Rica foram países que alinharam com a posição norte-americana de se reconhecer o acto eleitoral no país latino-americano e legitimar o novo Presidente eleito, Porfirio Lobo.
O processo foi «democrático», com «grande participação» e «sem fraudes», disse o Presidente colombiano, Alvaro Uribe.
«O povo das Honduras não merece um novo furacão Mitch», acrescentou o seu homólogo da Costa Rica, Óscar Arias Sanchez, referindo-se ao desastre natural que em Novembro de 1998 devastou a região e provocou 20 mil mortos em vários países.
Do lado europeu, o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, Miguel Angel Moratinos, voltou a condenar o acto eleitoral, pedindo à União Europeia uma posição «comum» dos 27 .
Portugal escusou-se a divulgar a sua posição sobre esta crise, justificando-se com a sua qualidade de anfitrião, e o chefe da diplomacia portuguesa admitiu que será difícil produzir uma declaração comum até ao fim da reunião.
A delegação cubana, chefiada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodrigues, considerou a instalação de bases norte-americanas na Colômbia «uma ameaça aos povos latino-americanos», falando por um dos ausentes da Cimeira, o Presidente venezuelano, Hugo Chávez, mas sem conseguir introduzir o tema na agenda mediática do dia.
Entretanto, a ministra dos negócios estrangeiros do governo deposto das Honduras, Patricia Rodas, afirmou esta segunda-feira que as eleições realizadas domingo no país «foram uma tentativa de branqueamento do golpe militar» que derrubou em Junho o presidente Manuel Zelaya.
Numa conferência de imprensa realizada no Estoril, onde participa na XIX Cimeira ibero-americana, Patricia Rodas disse que «o povo hondurenho negou-se a participar numas eleições militarizadas».
«Não damos crédito aos números divulgados, damos crédito ao nosso povo», referiu a ministra do governo deposto, afirmando ter informações que apontam para uma elevada abstenção.
Negociações prosseguem terça-feira
O secretário-geral Ibero-americana admitiu que apesar dos intensos contactos ainda não há um consenso sobre a posição da Cimeira Ibero-americana relativamente à situação das Honduras.
«Esperamos que amanhã de manhã (terça-feira) a presidência possa informar, de forma definitiva, sobre o que a Cimeira possa ou não dizer sobre o tema», disse Enrique Iglesias numa curta conferência de imprensa.
Iglesias disse que alguns líderes consideram que a eleição de Domingo «é legitima» e que outros consideram o contrário, mas «o importante é que o clima geral de encontrar uma solução para usar positivamente o facto das eleições».
«Mas as conversas ainda vão continuar hoje no jantar e amanhã», disse. «Deixa que os ministros e os presidentes falem e veremos o que é possível», disse ainda.
Honduras dividem cimeira ibero-americana
- Redação
- CR
- 30 nov 2009, 19:12
Brasil, Argentina, México, Venezuela e Espanha não reconhecem eleições, enquanto Colômbia, Peru, Panamá e Costa Rica acolhem o novo Presidente eleito
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