EUA dizem que solução de Assad está «desligada da realidade» - TVI

EUA dizem que solução de Assad está «desligada da realidade»

Bashar al-Assad - EPA/SANA

Discurso de Assad «é uma nova tentativa do regime para se agarrar ao poder

A solução política exposta hoje pelo presidente sírio, Bashar al-Assad, para colocar um ponto final à guerra civil da Síria é «desligada da realidade», afirmou hoje o Departamento de Estado norte-americano, apelou à demissão do presidente.

O discurso de Assad «é uma nova tentativa do regime para se agarrar ao poder e não faz nada para apoiar o objetivo do povo sírio, que quer uma transição política», afirmou, citada pela AFP, a porta-voz da diplomacia norte-americana, Victoria Nuland.

«A sua iniciativa está desligada da realidade, mina os esforços do mediador Lakhdar Brahimi e terá como único resultado a continuação da repressão sangrenta do povo sírio», acrescentou a porta-voz.

«O regime de Assad brutaliza o seu próprio povo há quase dois anos. Assad perdeu a legitimidade e deve demitir-se, de forma a permitir uma solução política e uma transição democrática em acordo com as aspirações dos sírios», afirmou ainda Victoria Nuland.

Nuland indicou finalmente que Washington continuará a apoiar os esforços de Brahimi no sentido de conseguir um acordo das partes em relação a um quadro para a paz que reúna o consenso dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, assim como a aprovação da Liga Árabe e da Assembleia Geral da ONU.

Bashar al-Assad apresentou hoje um plano para acabar com o conflito no país, no qual admite realizar reformas políticas, mas condiciona-o ao fim da «conspiração internacional» que financia os «terroristas».

Um futuro «acordo político» para acabar com a sangrenta guerra civil que dura há quase dois anos está previamente condicionado ao fim da «conspiração internacional¿ orquestrada por países ocidentais e árabes que têm financiado os «terroristas», nomeadamente com armas, afirmou Bashar al-Assad, no primeiro discurso público à nação em meio ano.

Bashar al-Assad, que governa desde 2000, adiantou que, cessadas aquelas atividades «terroristas», está pronto para ordenar o fim das operações militares do exército sírio e iniciar um «diálogo nacional» que conduza a uma nova Constituição e a eleições para um novo governo.

Mas, sublinhou, que enquanto do outro lado estiverem «terroristas¿ que respondem a «interesses estrangeiros» só resta uma resposta: a militar.

Aliás, o regime ainda não encontrou «parceiros» a nível interno para dar início a uma solução política e pôr fim à guerra civil que dura desde março de 2011 e já causou mais de 60 mil mortos, segundo as Nações Unidas.

«Dialogaremos com quem tenha princípios de patriotismo e não queira vender o país aos inimigos», sublinhou Bashar al-Assad. Mas, para já, o que existe é um conflito entre «a pátria e os seus inimigos, o povo e os seus assassinos», contrapôs.

«Os países da região e do mundo têm de deixar de financiar os rebeldes armados, para permitir que os deslocados possam regressar a casa. Logo em seguida, as nossas operações militares pararão», garantiu, vincando as exceções de Rússia, China e Irão, a quem agradeceu por não interferirem no conflito interno e «lutarem contra a ingerência» dos países ocidentais e árabes que participam numa «conspiração internacional» contra o seu regime.
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