Julgamento de Chirac vai continuar, mesmo sem réu

O julgamento contra Jacques Chirac, de 78 anos, por suposta corrupção nos anos 90 teve início esta segunda-feira na ausência do ex-presidente francês, que «não tem a mais plena capacidade» para comparecer num tribunal, segundo um atestado médico apresentado pelos advogados de defesa, informa a France Press. O tribunal já adiantou que o julgamento vai continuar, mesmo sem a presença do ex-presidente.

O tribunal deve julgar durante três semanas o ex-presidente francês (1995-2007) pela criação de 30 empregos fantasmas quando era presidente da Câmara de Paris (1977-1995), que serviram para reforçar as suas ambições políticas.

O primeiro ex-chefe de Estado francês julgado por um Tribunal Correccional, Chirac, que completará 79 anos em Novembro, enviou na sexta-feira uma carta ao presidente do tribunal, Dominique Pauthe, e um atestado médico.

Na carta, Chirac pede que para seus os advogados possam representá-lo no processo, que deve prosseguir até 23 de Setembro, pois «não tem a mais plena capacidade» para participar nas audiências.

«Já não tem memória», disse o genro Frédéric Salat-Baroux no fim-de-semana. Segundo especialistas, o ex-presidente sofre de anosognosia, uma doença neurodegenerativa da família do Alzheimer.

O presidente da 11ª sala correccional decidiu continuar com o julgamento, mesmo se a presença do ex-Presidente francês. Chirac é acusado pelos crimes de «malversação, abuso de confiança e posse ilícita de interesses» pelos empregos fantasmas dos anos 90 a favor de militantes de seu partido RPR (União para a República), antecessor da União por um Movimento Popular (UMP) de Nicolas Sarkozy, quando era prefeito de Paris.