Fake News: UE vai dizer às plataformas como devem eliminar desinformação e pode multá-las - TVI

Fake News: UE vai dizer às plataformas como devem eliminar desinformação e pode multá-las

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  • 3 dez 2020, 11:51
Trabalho

A Comissão Europeia quer um reforço das regras na União Europeia para obrigar grandes plataformas digitais, como Facebook ou Twitter, a removerem informações falsas, passando a dizer-lhes o que devem fazer e a poder sancioná-las

A Comissão Europeia quer um reforço das regras na União Europeia (UE) para obrigar grandes plataformas digitais, como Facebook ou Twitter, a removerem informações falsas, passando a dizer-lhes o que devem fazer e a poder sancioná-las.

Em causa está o novo Plano de Ação para a Democracia Europeia, no qual o executivo comunitário defende ser “necessária uma abordagem mais robusta, baseada em compromissos claros e sujeita a mecanismos de supervisão adequados, para combater a desinformação de forma mais eficaz” na UE, segundo o documento a que a Lusa teve acesso.

Em concreto, e tendo também em vista a nova Lei dos Serviços Digitais (DSA) que Bruxelas irá apresentar ainda este mês, a instituição prevê no plano de ação “emitir orientações para o reforço do código de conduta sobre desinformação” na primavera de 2021, bem como “estabelecer um enquadramento permanente para o controlo” dessas novas regras.

Assim, está previsto que o executivo comunitário possa “definir a forma como as plataformas e outras partes interessadas relevantes devem intensificar as suas medidas para abordar as deficiências identificadas na avaliação do código de conduta sobre a desinformação”, ou seja, como estas ‘gigantes’ tecnológicas devem colmatar as lacunas nas ações contra as ‘fake news’.

Além disso, “a Comissão criará um enquadramento mais sólido para o acompanhamento recorrente do código de conduta reforçado”, prevendo sanções para as plataformas digitais que não cumprirem os objetivos estabelecidos.

Plataformas digitais como Google, Facebook, Twitter, Microsoft e Mozilla comprometeram-se, no final de 2018, a combater a desinformação nas suas páginas através da assinatura de um código de conduta voluntário contra as ‘fake news’, um mecanismo de autorregulação que nos últimos meses tem estado centrado na desinformação sobre a covid-19.

A estas plataformas juntaram-se, recentemente, espaços de comércio eletrónico como o eBay e a Amazon, que têm inclusive vindo a remover anúncios com falsos tratamentos ou com produtos a preços inflacionados relacionados com a pandemia.

Porém, segundo fontes europeias, este enquadramento regulatório de base voluntária revelou-se “insuficiente nos últimos anos” na UE, pelo que Bruxelas vai passar “de uma autorregulação para uma corregulação”.

É uma atualização do plano de 2018, com uma legislação menos ligeira, adaptada às deficiências verificadas no código de conduta”, explicaram as mesmas fontes à Lusa.

É também neste âmbito que foram pensadas as sanções, que serão impostas por autoridades europeias que irão monitorizar o cumprimento das novas regras por parte das plataformas digitais, de acordo com as mesmas fontes.

Esse trabalho será acompanhado pelo Grupo de reguladores europeus para os serviços de comunicação social audiovisual (ERGA).

Uma inspeção diligente por parte da plataforma e uma transparência significativa em relação aos utilizadores e investigadores pode ajudar a melhor compreender e enfrentar tais ameaças” de desinformação, sustenta Bruxelas nesta comunicação.

Muitas das medidas deste plano de ação estão relacionadas com a nova DAS, que irá definir “regras para assegurar uma maior responsabilização sobre o modo como as plataformas moderam os conteúdos, sobre a publicidade e sobre os processos algorítmicos”.

Assim, com esta nova lei, “as plataformas muito grandes serão obrigadas a avaliar os riscos que os seus sistemas representam não só no que diz respeito a conteúdos e produtos ilegais, mas também riscos sistémicos para a proteção dos interesses públicos e direitos fundamentais, saúde pública e segurança”, adianta a Comissão Europeia no plano de ação.

Caberá, então, às tecnológicas “desenvolver instrumentos adequados de gestão de riscos e tomar medidas para proteger a integridade dos seus serviços contra a utilização de técnicas manipuladoras”.

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